EUA cortam financiamento a desenvolvimento de vacinas para Covid e gripe

O secretário da Saúde norte-americano Robert F. Kennedy Jr. afirmou que o financiamento vai ser redirecionado para “plataformas de vacinas mais seguras e abrangentes, que permanecem eficazes mesmo com a mutação do vírus”.

Robert F. Kennedy Jr.

© Win McNamee/Getty Images

Carolina Pereira Soares
06/08/2025 23:21 ‧ há 10 horas por Carolina Pereira Soares

Mundo

EUA

O secretário da Saúde norte-americano Robert F. Kennedy Jr. anunciou, esta terça-feira, um corte no financiamento das vacinas mRNA - a tecnologia que permitiu desenvolver a vacina da Covid-19 rapidamente.

 

Ao todo, os contratos de 22 projetos que usam a mRNA e que são apoiados pela Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado, a agência de biodefesa norte-americano vão ser cancelados ou alterados. Na lista, estão incluídos projetos focados na criação de uma vacina contra a gripe aviária H5N1 e no desenvolvimento de terapias contra vírus respiratórios.

Recorde-se de que as vacinas de mRNA foram amplamente elogiadas pela comunidade científica internacional pelo seu papel no abrandamento da pandemia do coronavírus em 2020-2021.

O governo norte-americano diz que as alterações previstas poupam quase 500 milhões de dólares (cerca de 428 milhões de euros) aos Estados Unidos. Contudo, o governo deixa a ressalva de que projetos já em estados avançados vão continuar, de forma a preservar "o dinheiro dos contribuintes". Bem como os projetos financiados pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos que não vão sofrer quaisquer alterações.

A justificação de Robert F. Kennedy Jr.

O secretário da Saúde dos EUA afirmou em comunicado, citado pelo The Washington Post, que o seu departamento "reviu a ciência, ouviu os especialistas" e decidiu agir. O governante acrescentou ainda que o financiamento vai ser redirecionado para "plataformas de vacinas mais seguras e abrangentes, que permanecem eficazes mesmo com a mutação do vírus".

A tecnologia mRNA foi celebrada com um grande avanço científico, dado que permitiu o desenvolvimento bastante rápido das vacinas contra a pandemia de 2019, mas, ultimamente, tem sido alvo de críticas por parte da ala conservadora norte-americana e também pela comunidade antivacinas no país.

Durante a pandemia, e devido a esta tecnologia, os Estados Unidos tiveram a vacina contra o coronavírus em mãos menos de um ano depois de ser registado o primeiro caso. Na altura, Trump (no seu primeiro mandato) considerou que as vacinas mRNA eram um "milagre dos tempos modernos".

Já Robert F. Kennedy Jr., conhecido por ser antivacinas, chegou a dizer que esta mesma vacina era a "mais mortal" alguma vez feita, e que continha "veneno".

Nos últimos anos, Robert Kennedy Jr. tem sido um defensor de várias teorias contra as vacinas da Covid-19, assim como sobre os supostos vínculos entre a vacinação e o autismo, especialmente através da organização Children's Health Defense, de que é cofundador.

Desde que assumiu a liderança do Departamento da Saúde, em fevereiro, iniciou uma profunda reformulação das autoridades de saúde.

Os projetos que se sabe (até agora) que vão sofrer cortes

As alterações efetivas que vão ser feitas aos projetos com a tecnologia mRNA ainda não são conhecidos na totalidade. O Washington Post, afirmou que um porta-voz da Moderna (que já perdeu financiamento num projeto para uma vacina para a gripe aviária) disse não ter conhecimento de cancelamentos de novos contratos.

Na Universidade de Emory, em Atlanta, Geórgia, foi encerrado um projeto para um tratamento por inalação para a gripe e para a COVID. Na AstraZeneca vai ser reestruturado um programa para a vacina contra a influenza, que estava ainda nas primeiras fases de desenvolvimento.

Um outro projeto, na empresa Tiba Biotech, perdeu também o financiamento apesar de não ser baseado em tecnologia mRNA, mas sim numa vertente diferente, que nem sequer envolve vacinas, mas sim um tratamento terapêutico.

A empresa recebeu ordens para parar na terça-feira depois de o departamento de Saúde dos Estados Unidos ter garantido que "outros usos da tecnologia mRNA", como tratamentos oncológicos, não iam ser afetados pelos novos cortes.

Enquanto as vacinas tradicionais contém versões mais fracas do vírus em questão para que o sistema imunitário o consiga combater, a tecnologia mRNA fornece instruções às células do corpo sobre como produzir as proteínas do agente infeccioso. É, segundo os especialistas de saúde pública, mais rápida de produzir - o que é fundamental numa situações de pandemia ou semelhantes.

Leia Também: Tribunal federal dos EUA inicia audiências contra 'Alcatraz dos Jacarés'

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