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Homem que inspirou o filme 'Hotel Ruanda' contestou hoje o seu julgamento

O homem que inspirou o filme 'Hotel Ruanda' contestou hoje a forma como está a ser julgado por acusações de terrorismo, dizendo que não espera justiça após rejeição do pedido de adiamento do julgamento, pelo que não voltará ao Tribunal.

Homem que inspirou o filme 'Hotel Ruanda' contestou hoje o seu julgamento
Notícias ao Minuto

18:02 - 12/03/21 por Lusa

Mundo Paul Rusesabagina

"Porque me negaram os meus direitos básicos a um julgamento justo, declaro que não espero justiça neste tribunal e não voltarei a este tribunal", disse Paul Rusesabagina à câmara especial do Supremo Tribunal que está a apreciar o caso.

O advogado de Rusesabagina, Felix Rudakemwa, tinha pedido o adiamento, seis meses antes do início do julgamento, a fim de preparar a defesa, porque os documentos legais de Rusesabagina tinham sido confiscados pelas autoridades prisionais.

Rusesabagina, de 66 anos, elogiado por ter salvo centenas de tutsis do genocídio de 1994 no Ruanda, enfrenta agora nove acusações, entre as quais a formação de um grupo armado ilegal, pertencer a um grupo terrorista, financiamento do terrorismo, bem como homicídio, rapto e assalto à mão armada.

Rusesabagina foi detido na capital ruandesa, Kigali.

No início desta semana, o tribunal decidiu que Rusesabagina não foi raptado quando foi enganado para embarcar num voo fretado do Dubai para o Ruanda, abrindo caminho para o início do seu julgamento.

Desaparecido em agosto último, durante uma visita ao Dubai, Rusesabaginae foi alguns dias depois apresentado em público, no Ruanda, algemado. Um advogado de Rusesabagina argumentou, numa audiência preliminar na semana passada, que o seu cliente deveria ser libertado porque tinha sido raptado, um processo que é considerado uma violação da lei.

O governo do Ruanda alegou que Rusesabagina ia para o Burundi para coordenar grupos armados baseados nesse país e do outro lado da fronteira, no Congo.

Um pastor, que é testemunha da parte do Estado disse ao tribunal, na semana passada, que trabalhou com a Agência de Investigação do Ruanda para convencer Rusesabagina a entrar num avião privado que acreditava ir para o vizinho Burundi. O pastor, Constantin Niyomwungere, alegou que Rusesabagina tinha reconhecido que os rebeldes apoiados pela sua plataforma de oposição tinham matado ruandeses.

"Eu próprio, o piloto e a tripulação de cabine sabiam que estávamos a chegar (à capital ruandesa) a Kigali. A única pessoa que não sabia para onde estávamos a ir era Paul Rusesabagina", disse Niyomwungere.

O caso de Rusesabagina, um cidadão belga e residente nos EUA que é um crítico de longa data do Presidente do Ruanda, Paul Kagame, tem suscitado alguma preocupação internacional.

A sua família diz que o caso contra Rusesabagina tem motivações políticas e que não tem qualquer hipótese de um julgamento justo devido às suas críticas sinceras a Kagame e às violações dos direitos humanos. Ao mesmo tempo que manifesta preocupação com o estado de saúde precário de Paul Rusesabagina, receando que possa morrer atrás das grades.

Leia Também: Homem que inspirou 'Hotel Ruanda' será julgado por tribunal ruandês

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