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Homem que inspirou 'Hotel Ruanda' será julgado por tribunal ruandês

Paul Rusesabagina, antigo responsável do estabelecimento que inspirou o filme "Hotel Ruanda" sobre o genocídio de 1994, poderá ser julgado naquele país, decidiu hoje o Tribunal Superior para os Crimes Internacionais e Transfronteiriços, rejeitando a objeção do arguido.

Homem que inspirou 'Hotel Ruanda' será julgado por tribunal ruandês
Notícias ao Minuto

14:14 - 26/02/21 por Lusa

Mundo Cinema

"O pedido de Rusesabagina para não ser julgado por este tribunal é sem mérito. Não há razão para que este tribunal não possa julgá-lo", decidiu o tribunal, nove dias após a primeira audiência do julgamento em Kigali, em 17 de fevereiro.

O tribunal proferiu a sua decisão com base no artigo 42.º da lei que estabelece a jurisdição dos tribunais ruandeses, que estipula que a Câmara do Supremo Tribunal para Crimes Internacionais e Transfronteiriços tem jurisdição para julgar qualquer pessoa, incluindo estrangeiros, suspeitos de terem cometido crimes de natureza transnacional em território ruandês.

O advogado de Rusesabagina, Gatera Gashabana, disse ao tribunal que o seu cliente irá recorrer da decisão: "Ao levantar objeções, a nossa intenção não é descarrilar o processo judicial ou atrasá-lo, como algumas pessoas têm alegado", afirmou.

Rusesabagina, 66 anos, enfrenta nove acusações: formação e pertença a um grupo terrorista - é acusado de liderar a Frente de Libertação Nacional (FLN), a ala armada do seu partido, o Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD), financiamento do terrorismo, rapto e assassínio como ato de terrorismo, assalto à mão armada e fogo posto como ato de terrorismo e tentativa de assassínio e assalto como ato de terrorismo.

Rusesabagina foi preso em 31 de agosto no aeroporto internacional de Kigali, segundo o Governo ruandês, embora a família e os seus advogados afirmem que ele foi "raptado, desapareceu e foi sujeito a uma extradição extraordinária do Dubai para o Ruanda".

As autoridades ruandesas sustentam que a sua prisão foi legal, mas não forneceram pormenores e ninguém explicou o que aconteceu entre 27 de agosto, quando o acusado falou com a sua família depois de chegar ao Dubai, e 31 de agosto, quando surgiu algemado perante os meios de comunicação social em Kigali.

O acusado, que era o gerente do famoso Hotel Thousand Hills em Kigali, onde alojou mais de mil tutsis e hutus moderados durante o genocídio para os salvar dos hutus extremistas, tinha um mandado de captura internacional por crimes, incluindo o assassínio e rapto de civis ruandeses.

Após o massacre, entre abril e julho de 1994 e em que morreram cerca de 800.000 pessoas, tornou-se um adversário altamente crítico do Presidente ruandês, Paul Kagamé, e exilou-se entre a Bélgica e os Estados Unidos, onde criou uma fundação que promove a reconciliação para evitar novos genocídios.

O seu trabalho no estabelecimento inspirou o filme "Hotel Ruanda", baseado na história deste influente empresário hutu, casado com uma mulher tutsi.

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