O especialista, vice-presidente do Council on Foreign Relations (CFR, Conselho de Relações Internacionais), advertiu que a nova administração dos Estados Unidos, com a presidência de Joe Biden, vai demorar meses até pôr em prática novas estratégias e iniciativas de política externa, dado que ainda faltam as confirmações de membros do gabinete do novo Presidente e a tomada de posse de todos os que farão parte da administração.

James Lindsay, que falava em conferência de imprensa, considerou no entanto que Portugal pode fazer avançar a cooperação entre EUA e União Europeia (UE) na primeira metade deste ano ao facilitar debates e conversas sobre os desafios mais importantes que se apresentam, para que as novas estratégias sejam atuais e passem pelas prioridades comuns.

"Portugal pode ser importante ao facilitar aquilo que sabemos que vai acontecer: muitas conversas transatlânticas sobre o que partilhamos em comum, o que vemos como desafios comuns e oportunidades e também ao ter conversas adultas sobre esses assuntos em que não concordamos", disse o autor de vários livros, em resposta a uma questão da Lusa.

Na opinião do especialista, diretor do programa de estudos do CFR, será na altura do verão que iniciativas novas entre Estados Unidos e União Europeia poderão aparecer, na mesma altura em que Portugal deixa a presidência do Conselho Europeu, "mas acontecimentos não planeados poderão mudar muita coisa".

"Na Europa, há um importante grau de diversidade num grande número de questões, também há diversidade [em refletir] até que ponto poderá Biden realizar as suas promessas e até que ponto a Europa vai querer aceitar as ofertas de Biden", acrescentou.

"O papel de Portugal nesta posição é facilitar as conversas de uma forma produtiva que nos fazem avançar na cooperação", rematou James Lindsay, acrescentando ter um grande apreço por Portugal.

Antigo professor de ciências políticas na Universidade de Iowa, Lindsay avisou que ainda há falta de clareza nas estratégias internacionais do Presidente Joe Biden e que é preciso tempo para toda a equipa estar completa.

"Durante as campanhas pintam-se visões do que se pode fazer. A arte de governar é debruçar-se sobre os detalhes e ligar essa visão do mundo que se esperava com os desafios particulares que se enfrentam", declarou o especialista.

James Lindsay acrescentou que sondagens de opinião mostram que grande parte da população dos Estados Unidos pensa que os filhos vão herdar um país "menos próspero" e que o país não está no caminho certo, pelo que a principal prioridade do Presidente em 2021 vai ser a política doméstica.