"Retirar as forças americanas de forma irresponsável conduziria possivelmente a uma nova guerra civil no Afeganistão", considerou este grupo de uma quinzena de peritos, em que se inclui o antigo chefe de Estado-Maior Joseph Dunford, e ex-eleitos democratas e republicanos.
No seu relatório final, este grupo criado em dezembro de 2019 a pedido do Congresso, acrescenta que uma retirada prematura "convidaria à reconstituição de grupos terroristas antiamericanos" que ameaçariam o EUA, permitindo-lhes "reivindicar uma vitória face a primeira potência mundial".
Os autores do documento indicam que "será muito difícil, mesmo impossível", que as condições de segurança que permitam uma retirada completa das forças norte-americanas estejam preenchidas em maio.
"Para atingir o objetivo global de uma paz negociada que responda aos interesses dos Estados Unidos, será necessário começar por obter uma extensão do prazo de maio", acrescentam.
As negociações entre os talibãs e Washington foram concluídas em fevereiro de 2020 com um acordo histórico que prevê discussões inter-afegãs e a retirada total das tropas estrangeiras do Afeganistão -- na larga maioria norte-americanas -- até maio de 2021, em troca de garantias de segurança por parte dos insurgentes.
Em 15 de janeiro, Washington reduziu a 2.500 o número dos seus soldados no Afeganistão, o número mais baixo desde 2001, mas os ataques dos grupos insurgentes aumentaram no país.
Os peritos também recomendam ao novo Presidente Joe Biden, que disse pretender rever o acordo com os talibãs impulsionado pelo seu antecessor Donald Trump, de "clarificar" a posição dos Estados Unidos sobre os seus objetivos no Afeganistão.
O texto assinala que Washington deveria exigir que as conversações de paz inter-afegãs assegurem a formação de um Estado afegão "independente, democrático e soberano".
Os EUA também deveriam manifestar claramente as condições de uma retirada total e reafirmar o seu apoio ao Governo afegão, indica o grupo norte-americano, que apela à administração de Joe Biden para facilitar as negociações de paz, seja através da nomeação de um medidor da ONU, seja desempenhando diretamente a função de árbitro.
O Governo afegão e os talibãs promovem desde setembro em Doha discussões apoiadas pelos EUA que não obtiveram resultados concretos, apesar de um acordo sobre os pontos a abordar nas negociações.
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