Moscovo retalia com sucesso de inquérito anticorrupção de Navalny
As autoridades russas avançaram hoje com novas medidas para tentar conter uma possível grande vaga de manifestações antigovernamentais em toda a Rússia no próximo sábado, alimentada pelo sucesso de um inquérito anticorrupção divulgado 'online' pelo opositor detido Alexei Navalny.
© Reuters
Mundo Rússia
A Procuradoria-Geral da Rússia advertiu hoje que as ações de protesto que estão a ser convocadas para o próximo sábado, para exigir a libertação de Navalny (detido no passado domingo em Moscovo), são "ilegais" e que podem incorrer numa violação da lei.
As autoridades, segundo referiu a Procuradoria-Geral da Rússia num comunicado, "estão instruídas para a adoção de medidas preventivas, mas, existindo fundamentos, os infratores estarão sujeitos a sanções administrativas".
A Procuradoria-Geral russa indicou igualmente estar a preparar medidas para "limitar o acesso a informações ilegais" publicadas na Internet e que constituem "apelos para a participação em ações ilegais em massa em 23 de janeiro de 2021 [sábado]".
Na quarta-feira, a entidade russa Roskomnadzor (Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa) enviou, por sua vez, uma nota de advertência às plataformas 'online' Tik Tok e Vkontakte (a rede russa equivalente ao Facebook), instruindo-as para bloquear conteúdos classificados como apelos "a menores para participarem em atividades ilegais".
Na terça-feira, dois dias após a sua detenção na capital russa, o opositor russo Alexei Navalny publicou 'online' um inquérito que demonstra, na sua perspetiva, a corrupção de Vladimir Putin e do seu círculo para atribuir ao Presidente russo um verdadeiro "palácio", junto à costa do mar Negro.
A publicação destas informações foi acompanhada pela divulgação de um vídeo com quase duas horas e por um apelo aos russos para que se manifestem no próximo sábado contra o poder de Moscovo, renovando assim o convite de Navalny para a realização de protestos de rua.
O Kremlin (Presidência russa) rejeitou todas as denúncias do opositor.
Dois dias depois da divulgação, o vídeo já teve cerca de 40 milhões de visualizações no site YouTube, segundo as agências internacionais.
A equipa de Alexei Navalny afirmou, em declarações à agência France-Presse (AFP), ter recebido quase 10 milhões de rublos (cerca de 112.000 euros) em donativos desde que o inquérito foi divulgado.
O vídeo associado à investigação anticorrupção está a gerar milhares de publicações nas redes sociais a manifestar apoio às ações convocadas para sábado.
Os jovens estão particularmente mobilizados na popular plataforma Tik Tok, referiram ainda as agências internacionais.
A equipa do opositor russo está a prever que manifestações antigovernamentais ocorram em pelo menos 46 cidades da Rússia.
O líder da oposição regressou à Rússia depois de quase cinco meses de tratamento médico na Alemanha, após ter sido envenenado com uma substância tóxica de uso militar, ato que, segundo o ativista, foi ordenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
A ordem de detenção concretizada no domingo foi avançada pelo Serviço Federal de Prisões da Rússia, que solicitou à justiça russa a ida de Alexei Navalny para a prisão para cumprir uma pena suspensa de 3,5 anos a que foi condenado em 2014, um juízo considerado "arbitrário" em 2017 pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Em 20 de agosto de 2020, Navalny sentiu-se mal e desmaiou durante um voo doméstico na Rússia, e foi transportado dois dias depois em coma para a Alemanha para ser tratado.
Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas, demonstraram que esteve exposto a um agente neurotóxico, do tipo Novichok, da era soviética.
As autoridades russas têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento, denunciando uma conspiração anti-russa envolvendo o Ocidente.
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