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Uganda acusa EUA de quererem "interferir" nas presidenciais de 5.ª feira

O Governo do Uganda acusou hoje os Estados Unidos da América (EUA) de quererem "interferir" nas eleições presidenciais de amanhã no país, considerando que uma missão de observação norte-americana deveria ser a última a "dar lições" sobre processos democráticos.

Uganda acusa EUA de quererem "interferir" nas presidenciais de 5.ª feira
Notícias ao Minuto

14:56 - 13/01/21 por Lusa

Mundo Eleições

As eleições no Uganda "serão pacíficas, livres, justas e credíveis, mesmo sem a supervisão da embaixada dos EUA no Uganda", afirmou o porta-voz do Governo ugandês, Ofwono Opondo, através da plataforma social Twitter.

"A missão de observação dos EUA deveria ser a última a dar lições [a outros], quando o Presidente [cessante] Donald Trump afirma que pessoas que morreram votaram nas eleições recentes e que os votos foram manipulados", acrescentou Opondo.

Os EUA cancelaram ontem o envio de uma missão de observação às eleições presidenciais de quinta-feira no Uganda depois de a comissão eleitoral do país ter recusado a acreditação a mais de "75%" dos seus observadores, anunciou a embaixadora dos EUA no Uganda, Natalie E. Brown.

"Com apenas 15 acreditações aprovadas, não é possível aos EUA observarem de forma significativa a realização das eleições no Uganda, nas mesas de voto do país", lamentou E. Brown, numa declaração no 'site' da embaixada em Kampala.

De acordo com Brown, a comissão eleitoral ugandesa, "apesar dos múltiplos pedidos, não forneceu qualquer explicação para a sua decisão, que comunicou apenas dias antes das eleições".

A diplomata sublinhou que nas eleições de 2016, os Estados Unidos enviaram 88 observadores diplomáticos ao país e que o "Uganda tem apoiado" o envio de observadores americanos em múltiplas eleições ugandesas anteriores, o que torna esta decisão "ainda mais preocupante".

"Isto torna ainda mais preocupante a decisão de negar a acreditação a todos os nossos observadores, exceto a um pequeno grupo selecionado aleatoriamente", afirmou E. Brown.

"Estamos ainda preocupados com os relatórios de que a comissão eleitoral negou pedidos de acreditação de membros de outras missões diplomáticas e de um grande número de observadores ugandeses. Numerosas organizações da sociedade civil planearam observar as eleições, mas muitas não tiveram resposta da comissão eleitoral nos seus pedidos de acreditação", denunciou a embaixadora.

Entre as organizações da sociedade civil que já tinham acreditação organizacional, por outro lado, "a grande maioria dos seus observadores individuais ainda não recebeu - dois dias antes das eleições - crachás de acreditação", sublinhou.

"Na ausência de uma participação robusta dos observadores, particularmente dos observadores ugandeses, que respondem perante os seus concidadãos, as eleições do Uganda carecerão da responsabilização, transparência e confiança que as missões de observação proporcionam", concluiu Natalie E. Brown.

O Governo do Uganda deu ordem na terça-feira a todos os operadores de Internet no país para suspenderem o acesso a todas as redes sociais e serviços de mensagens - Facebook, Twitter, WhatsApp, Signal e Viber - até novo aviso.

Segundo o Presidente ugandês, Yoweri Museveni, a decisão do seu governo respondeu à suspensão pelo Facebook e Instagram de mais de 100 contas associadas a altos funcionários ugandeses por alegadamente "manipularem o debate público", segundo a rede social.

Ao longo da campanha eleitoral, num ambiente de crescente repressão, os jornalistas locais foram impedidos à força de fazerem o acompanhamento noticioso de comícios da oposição, em particular do principal opositor de Museveni a estas eleições, Robert Kyagulanyi, antigo músico e deputado desde 2017, muito popular no país, conhecido pelo nome artístico Bobi Wine.

A imprensa estrangeira tem igualmente sentido grande dificuldades em receber acreditações impostas como obrigatórias para acompanhar o processo eleitoral.

Em 10 de dezembro último, o Conselho dos Media do Uganda proibiu jornalistas locais e estrangeiros de cobrirem quaisquer eventos eleitorais se não se registassem devidamente junto daquele órgão, e ordenou aos repórteres estrangeiros no país que renovassem as suas acreditações no prazo de uma semana.

"As excessivas e onerosas regras de acreditação das autoridades ugandesas mostram o seu desprezo pelo papel da imprensa nos processos democráticos", afirmou Muthoki Mumo, representante do Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ) para a África subsaariana, num comunicado divulgado em 23 de Dezembro.

O Uganda deve "abandonar os esforços para utilizar a acreditação como pretexto para restringir a cobertura destas eleições", acrescentou a responsável do CPJ.

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