"A 61.ª sessão das discussões exploratórias vai decorrer em Istambul em 25 de janeiro de 2021", anunciou o ministério em comunicado. As conversações estão interrompidas desde 2016.

Algumas horas antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, tinha apelado à Grécia para retomar ainda este mês as conversações entre os dois países.

Em Atenas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros grego tinha indicado não ter recebido um convite oficial de Ancara, mas disse estar preparado para iniciar conversações sobre a delimitação da plataforma continental e as zonas económicas exclusivas (ZEE).

Na sua cimeira de dezembro passado, os dirigentes da UE decidiram sancionar as ações "ilegais e agressivas" da Turquia no Mediterrâneo contra a Grécia e Chipre.

A cimeira da UE aprovou sanções individuais que deveriam ser dirigidas a pessoas e empresas envolvidas nas atividades de exploração conduzidas pela Turquia no Mediterrâneo Oriental.

Os trabalhos de prospeção de reservas de gás promovidas pela Turquia nas zonas marítimas disputadas com Grécia e Chipre estiveram no centro das tensões que se prolongaram por vários meses.

A crise entre Atenas e Ancara intensificou-se com o envio em agosto pela Turquia do navio de prospeção sísmica "Oruç Reis" para as zonas em litígio.

Num aparente gesto de apaziguamento, Ancara anunciou no final de novembro o regresso à base do "Oruç Reis".

Em simultâneo, um porta-voz do chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, anunciava que Çavusoglu é aguardado no dia 21 de janeiro em Bruxelas para tentar reduzir as tensões com a UE.

Desde há várias semanas que os responsáveis turcos multiplicavam os apelos ao diálogo com os europeus para solucionar os focos de tensão, em particular a disputa marítima greco-turca.

Na terça-feira, Çavusoglu tem prevista uma reunião com os embaixadores dos países da UE colocados em Ancara.

A deslocação do chefe da diplomacia turca segue-se a um contacto telefónico no domingo entre o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan e dirigente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

De acordo com a Comissão Europeia, a União deseja uma relação construtiva com a Turquia com base na cooperação e pretende reduzir as tensões com Ancara.

"A Turquia pretende virar uma página nas suas relações com a UE, mas o Presidente Erdogan notou que devido aos caprichos de certos Estados-membros e a problemas artificiais que originaram, tal não foi possível em 2020", declarou a presidência turca no Twitter, e num balanço do contacto com Ursula von der Leyen.

"Não partilhamos essa avaliação", reagiu hoje Eric Mamer, porta-voz da Comissão Europeia.

"Os elementos de irritação [com a Turquia] estendem-se a toda a União Europeia", afirmou.

A eventual aplicação de sanções à Turquia "estão em curso e será tomada com o acordo de todos os Estados-membros", precisou o porta-voz de Josep Borrell. A unanimidade de todos os 27 países da União é necessária em relação aos nomes das pessoas e empresas visadas pelas sanções europeias.

Os visados serão incluídos na lista negra estabelecida em novembro de 2019 para sancionar as atividades de prospeção da Turquia nas águas de Chipre. Já inclui dois responsáveis pela Turkish Petroleum Corporation (TPAO), proibidos de obter visas e com os seus bens congelados na UE.