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Etiópia diz que foi concluída "com sucesso" a "operação" contra rebeldes

O primeiro-ministro da Etiópia assegurou hoje que foi "concluída com sucesso" a "principal operação" contra as autoridades rebeldes da região de Tigray, com o controle da capital regional, Mekele.

Etiópia diz que foi concluída "com sucesso" a "operação" contra rebeldes
Notícias ao Minuto

21:21 - 28/11/20 por Lusa

Mundo Tigray

Numa declaração publicada na sua conta no Twitter, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, disse que "o Governo federal tem agora o controlo total da cidade de Mekele".

Segundo o primeiro-ministro, o exército federal tomou "o controlo do aeroporto, das instituições públicas, da sede da administração regional e de outras instalações cruciais".

"Com o controlo total da capital regional, marca-se a conclusão da última fase da ENDF [Força de Defesa Nacional Etíope, nome das Forças Armadas Etíopes]. A polícia federal continuará agora a sua tarefa de prender os criminosos da Frente de Libertação do Povo Tigray [TPLF] e trazê-los à justiça", continuou Abiy Ahmed.

"Temos agora diante de nós a tarefa crítica de reconstruir o que foi destruído, reparar o que foi danificado, devolver àqueles que fugiram, com a prioridade máxima de restaurar a normalidade ao povo da região de Tigray", acrescentou.

Porém, continua a ser difícil confirmar no terreno as versões de ambos os lados do conflito, porque tanto a internet, como as comunicações telefónicas continuam cortadas, e o Governo etíope restringe o acesso aos jornalistas em Tigray.

A tomada da cidade de Mekele ocorre dois dias depois de Abiy Ahmed ter ordenado o ataque final ao TPLF, o partido que governa a região de Tigray, que faz fronteira com a Eritreia e o Sudão, na sequência de um confronto que já durava há meses.

Em 04 de novembro, o primeiro-ministro ordenou uma ofensiva armada contra as forças do TPLF como retaliação por um ataque a uma base militar etíope naquela região.

Um dia mais tarde, o número dois do Estado-Maior General do Exército Etíope, tenente-general Birhanu Jula, afirmou, numa conferência de imprensa, que tinha "ido para a guerra" com o Governo rebelde tigreano.

O primeiro-ministro disse hoje que a vitória das Forças Armadas foi alcançada graças à colaboração dos habitantes de Tigray e Mekele e garantiu que foi alcançada "sem ferir civis e sem causar danos às infraestruturas e ao património histórico".

Na quinta-feira, o primeiro-ministro ordenou ao exército federal que concluísse "a terceira e última fase" da sua operação para "estabelecer a ordem" e prometeu ter "muito cuidado" em não ferir civis no ataque para tomar a capital de Tigray.

Desde o início do conflito armado, em 4 de novembro, centenas de pessoas morreram e mais de 43.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão.

De acordo com uma declaração do Governo regional do Tigray, publicada pela Tigray Media House, "desde ontem [sexta-feira], Abiy Ahmed e as forças eritreias têm bombardeado com artilharia pesada" e hoje fizeram-no "principalmente contra locais e infraestruturas civis".

Desde o início da guerra, o TPLF lançou roquetes contra Asmara, a capital da Eritreia, aliada da Etiópia, com a intenção de internacionalizar o conflito e acusa o país vizinho de intervir nos confrontos em favor de Adis Abeba.

Fontes diplomáticas confirmaram hoje à agência de notícias espanhola Efe que foram registadas "fortes explosões na parte central de Mekele e outra explosão na periferia", bem como um ataque a instalações pertencentes à TPLF.

O ataque à capital do Tigray teve lugar após a reunião do primeiro-ministro com os antigos presidentes Joaquim Chissano (Moçambique), Ellen Johnson-Sirleaf (Libéria) e Kgalema Motlanthe (África do Sul), enviados pela União Africana para mediar o conflito, que decorreu na sexta-feira em Adis Abeba, encontro no qual rejeitou o diálogo como caminho para uma solução.

O único diálogo é com "partidos políticos que operam legalmente na região" e com representantes da sociedade civil, defendeu.

Até à data, o primeiro-ministro etíope, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2019, ignorou os apelos internacionais para a cessação do confito ou da escalada das hostilidades contra a o PTLF.

Embora o conflito tenha começado no dia 4, a disputa do Tigray já se arrasta há muito tempo.

Desde a sua refundação, após a queda do regime comunista, em 1991, a Etiópia tem vindo a promover uma política de federalismo étnico, onde todas as etnias são supostamente de igual valor e representação.

Contudo, o PTLF - que representa 5% dos 110 milhões de pessoas da Etiópia - liderou desde então a coligação étnica que formou a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), no poder.

Esta hegemonia durou até à tomada de posse, em 2018, de Abiy como primeiro-ministro, um jovem político de origem oromo, que queria dissociar a etnia da política através da refundação do EPRDF no Partido da Prosperidade (PP), do qual o PTLF se dissociou.

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