"Antes de se poderem iniciar as discussões (...) é essencial restaurar a serenidade e a confiança entre todos os intervenientes" através de "atos de apaziguamento", incluindo o fim de processo judiciais contra todos os líderes da oposição, defenderam o Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI) e a Frente Popular da Costa do Marfim (FPI), citados pela agência France-Presse.
O PDCI, liderado pelo opositor Henri Konan Bedié, e a FPI, fundada pelo antigo presidente Laurent Gbagbo, apelaram para o "fim de todos os procedimentos legais contra os líderes e ativistas da oposição e da sociedade civil", para "o levantamento do bloqueio em torno das residências de todos os líderes dos partidos políticos da oposição", assim como para a libertação de "todos os presos políticos" e o "regresso dos exilados", acrescentou a mesma nota.
Entre estes exilados estão Laurent Gbagbo, o antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro Guillaume Soro, e o antigo líder dos Jovens Patriotas -- movimento pró-Gbagbo -- Charles Blé Goudé.
Os opositores pedem também que as conversações com o Governo de Ouattara decorram "sob a égide de um facilitador".
A justiça da Costa do Marfim acusou vários opositores de "conspiração contra a segurança do Estado", acusando-os de serem responsáveis pela violência mortal no contexto da sua campanha de "desobediência civil" contra as eleições presidenciais de 31 de outubro.
Na quarta-feira, Ouattara e Bédié, o segundo candidato mais votado, encontraram-se com o objetivo de baixar as tensões pós-eleitorais.
Desde agosto, episódios de violência relacionados com as eleições na Costa do Marfim provocaram pelo menos 85 mortos e quase 500 feridos.
Uma fonte do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), citada pela agência noticiosa francesa, referiu, em 09 de novembro, que mais de 3.000 costa-marfinenses fugiram da violência relacionada com as eleições e procuraram refúgio na vizinha Libéria.
A oposição contesta a reeleição de Ouattara para um terceiro mandato, algo que considera inconstitucional.
Segundo o Conselho Constitucional da Costa do Marfim, Alassane Ouattara foi reeleito para um terceiro mandato com 94,27%, ou seja, 3.031.483 votos de um total de 3.215.909 votos.
De acordo com as votações validadas pelo Conselho Constitucional, o candidato independente Kouadio Konan Bertin ficou em segundo lugar com 1,99% dos votos (64.011 votos).
O antigo presidente Henri Konan Bédié terminou em terceiro com 1,66% (53.330 votos) e o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan em quarto com 0,99% (31.986 votos).
Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que iria desistir de uma nova candidatura, antes de mudar de ideias em agosto, após a morte do candidato presidencial do seu partido e então primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos presidenciais, mas o Conselho Constitucional considerou que, com a reforma adotada em 2016, a contagem de mandatos de Ouattara tinha sido recolocada a zero, dando cobertura a uma nova candidatura.