Conferência sobre refugiados com apoio russo e reservas internacionais
O Governo da Síria iniciou hoje em Damasco, com o apoio da aliada Rússia, uma conferência para abordar o regresso de milhões de refugiados para aquele país devastado pela guerra, apesar das reservas apresentadas pela comunidade internacional.
© Reuters
Mundo Síria
Entre os países "vizinhos" que acolhem o maior número de refugiados sírios, apenas o Líbano e o Iraque enviaram representantes para o encontro que irá decorrer até quinta-feira na capital síria.
A par da delegação russa, a conferência vai contar igualmente com representantes do Irão, da Venezuela e da China, outros aliados reconhecidos do regime sírio.
Um representante das Nações Unidas é aguardado no encontro na qualidade de observador.
Na terça-feira, a União Europeia (UE) anunciou, através do Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, que tinha decidido não participar na conferência organizada pelo regime sírio em Damasco, por entender que não estavam reunidas as condições.
"A UE e os seus Estados-membros não vão participar nesta conferência", indicou Borrell num comunicado, no qual deu conta de que vários ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 e ele próprio tinham recebido um convite para participar no evento.
Borrell justificou a recusa argumentando que, "no entender da UE, a prioridade atualmente passa por tomar ações reais para criar as condições favoráveis a um regresso seguro, voluntário, digno e sustentável dos refugiados e pessoas internamente deslocadas das suas áreas de origem", assim como proporcionar ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) "acesso ilimitado" a todo o território sírio.
Num discurso transmitido hoje pela televisão local, o Presidente da Síria, Bashar al-Assad, enfatizou que "milhões de sírios querem voltar para casa".
Desde o início do conflito na Síria, em 2011, mais da metade da população do país foi obrigada a fugir de zonas de combate e 5,5 milhões de pessoas fugiram para o estrangeiro.
Os países "vizinhos" Turquia, Líbano e Jordânia são aqueles que acolhem o maior número de refugiados sírios.
A Turquia, que apoia a fação rebelde síria e que acolhe cerca de 3,7 milhões de refugiados sírios, não foi convidada para a conferência.
A Síria atravessa uma das mais graves crises económicas e sociais da sua história, assinalada por uma queda abrupta da sua moeda nacional e por elevadas taxas de desemprego e de pobreza.
O regime de Damasco, que controla atualmente mais de 70% do território do país do Médio Oriente após diversas ofensivas militares apoiadas por Moscovo, está submetido a sanções norte-americanas e europeias que têm sido agravadas ao longo dos anos.
As restantes zonas do território sírio são detidas por forças curdas apoiadas pelos Estados Unidos, mas também por rebeldes e grupos 'jihadistas'.
A Rússia, a principal aliada do governo de Damasco, tem procurado ao longo dos anos o apoio da comunidade internacional para reconstruir a Síria e permitir o regresso dos refugiados sírios.
Os países ocidentais condicionam qualquer ajuda à reconstrução do país a uma resolução política do conflito na Síria, enquanto as organizações não-governamentais (ONG) consideram que as condições não são propícias a um regresso em massa dos refugiados, mesmo que os combates tenham baixado de intensidade desde há um ano.
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