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Dezenas de jornalistas detidos por participarem em protestos pacíficos

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje que dezenas jornalistas na Rússia foram detidos por terem participado em protestos pacíficos, em solidariedade com colegas processados pelas autoridades pelo seu trabalho jornalístico.

Dezenas de jornalistas detidos por participarem em protestos pacíficos
Notícias ao Minuto

07:15 - 10/07/20 por Lusa

Mundo Rússia

Na maioria dos casos, a polícia invocou regras sobre assembleias públicas e de saúde, introduzidas para prevenir a propagação da covid-19, como fundamento para a detenção.

"Os repórteres independentes na Rússia têm estado debaixo de ataque durante anos, com os recentes processos penais a elevar a repressão a um novo nível", disse Damelya Aitkhozhina, investigadora russa da Human Rights Watch, em comunicado da organização.

"As pessoas têm todos os motivos para protestar pacificamente contra a repressão, e as autoridades têm a obrigação de permitir que o façam em segurança. Em vez disso, detiveram manifestantes pacíficos ao abrigo de regras abusivas e restritivas do direito de reunião, a pretexto de proteger a saúde pública, expondo-os ao risco de infeção sob custódia".

Em 03 de julho, 17 pessoas foram detidas em frente ao edifício do Serviço Federal de Segurança (FSB) em Moscovo, quando protestavam contra a perseguição de Svetlana Prokopyeva pelo seu trabalho jornalístico. A maioria dos detidos eram jornalistas, segundo a ONG.

No dia seguinte, mais dois jornalistas foram detidos em Pskov, onde Prokopyeva estava a ser julgada.

Em 07 de Julho, 28 jornalistas e ativistas foram detidos no mesmo local, durante um protesto contra as acusações de traição feitas a Ivan Safronov, conselheiro da Roskosmos, a agência espacial russa, e antigo jornalista da Kommersant.

"Nos três incidentes, os manifestantes distanciaram-se uns dos outros, realizando o que é conhecido na Rússia como 'piquetes de uma só pessoa'", salientou a Human Rights Watch.

Igor Yasin, co-presidente do sindicato de jornalistas e trabalhadores dos 'media', citado pela ONG, disse que os jornalistas ficaram chocados quando souberam, em 03 de Julho, que o Ministério Público pedia uma pena de seis anos de prisão para Prokopyeva e uma proibição do exercício de jornalismo de quatro anos.

Olga Churakova, uma repórter veterana, disse à ONG que decidiu protestar porque o jornalismo se tornou "quase impossível na Rússia, e os jornalistas estão a ser detidos de dois em dois dias".

Nos três incidentes, os protestos pacíficos foram recebidos "com uma presença policial esmagadora", acusou a ONG.

Os manifestantes usaram cartazes com slogans como "Jornalismo não é crime" e "Não à prisão por palavras", ou "Free Svetlana Prokopyeva" e "Free Ivan Safronov".

Ao abrigo da lei russa, os manifestantes não são obrigados a notificar as autoridades com antecedência no caso de um piquete solitário.

Os jornalistas garantiram à ONG que em Moscovo apenas uma pessoa se encontrava de pé com um cartaz, a cada momento, e que em Pskov os dois manifestantes cumpriram o requisito de distância de 50 metros, necessário para se qualificarem como protesto solitário.

A polícia alegou que os protestos solitários tinham o mesmo objetivo, classificando-os como uma só assembleia pública, disse a HRW.

Em 03 de Julho, advogados dos manifestantes que foram levados para uma das duas esquadras de polícia não tiveram acesso aos seus clientes durante a primeira hora, e por ordem do chefe da esquadra, foram mantidos fora do edifício, denunciou a HRW.

De acordo com a organização, os advogados só tiveram acesso aos seus clientes depois de membros da Comissão de Monitorização Pública, um organismo independente que fiscaliza as condições de detenção, ter decidido intervir.

A Human Rights Watch está também preocupada com a saúde dos jornalistas, detidos em autocarros da Polícia sem condições de distanciamento social, acusou a organização.

Num dos casos, 17 jornalistas tiveram de permanecer "durante horas" no veículo, "expondo-os potencialmente ao risco de contraírem covid-19", apesar de haver "mais dois autocarros vazios estacionados ao lado", denunciou a HRW.

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