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Programa de espionagem israelita usado contra jornalista em Marrocos

A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) afirmou hoje que o controverso programa de espionagem da empresa israelita NSO foi utilizado pelas autoridades de Marrocos para espiar um jornalista em janeiro.

Programa de espionagem israelita usado contra jornalista em Marrocos
Notícias ao Minuto

11:47 - 22/06/20 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

O grupo NSO, empresa israelita especializada na espionagem informática, produz nomeadamente o Pegasus, um programa que permite não só aceder aos dados de um 'smartphone', como também controlar a câmara ou o microfone.

Segundo a AI, as autoridades marroquinas utilizaram o Pegasus para espiar o telefone de Omar Radi, um jornalista marroquino.

A NSO declarou-se "profundamente perturbada pelas alegações".

"É claro que não podemos confiar no grupo NSO. Enquanto a empresa tenta branquear a sua imagem com uma campanha de relações públicas, os seus programas permitem espiar ilegalmente o jornalista Omar Radi", declarou Danna Ingleton, diretora adjunta da Amnistia Tech, num comunicado da organização.

Numa resposta escrita às perguntas da agência France-Presse, a empresa israelita declarou que não podia comentar "as ligações que a NSO poderá ter com as autoridades marroquinas" por razões de confidencialidade, mas que analisava as questões levantadas pela Amnistia.

"Será aberto um inquérito se o considerarmos justificado", afirmou a companhia.

"A NSO é a primeira empresa deste tipo a fornecer um programa para a aplicação dos princípios orientadores das Nações Unidas sobre empresas e direitos humanos", adiantou.

Radi foi "sistematicamente alvo das autoridades marroquinas devido ao seu jornalismo e militância", segundo a AI.

Em março, um tribunal marroquino condenou Radi a quatro meses de pena suspensa por ter criticado na rede social Twitter a sentença de um juiz condenando ativistas. O jornalista disse à AFP após o veredicto que iria recorrer.

"Embora as autoridades marroquinas sejam responsáveis pela espionagem ilegal de militantes e de jornalistas como Omar Radi, o grupo NSO contribuiu para estes abusos ao ter o governo marroquino como cliente pelo menos até janeiro de 2020", indicou a Amnistia.

A AI pediu a um tribunal israelita para revogar a licença de exportação do Ministério da Defesa da empresa NSO após os casos de pirataria informática.

O processo está em curso e a organização de defesa dos direitos humanos disse hoje que espera uma decisão em breve.

No final de 2019, a empresa norte-americano de mensagens encriptadas WhatsApp, propriedade do Facebook, apresentou queixa contra a NSO, acusando-a de ter fornecido a tecnologia para infetar os 'smartphones' de uma centena de jornalistas, defensores dos direitos humanos e outros membros da sociedade civil em diferentes países.

Criada em 2010 pelos israelitas Shalev Hulio e Omri Lavie e localizada em Herzliya, perto de Telavive, a empresa NSO afirmou em maio que a sua tecnologia é "comercializada através de licenças a governos com o único objetivo de combater a criminalidade e o terrorismo".

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