Paris teme que Rússia e Turquia se entendam no conflito por "interesses"
A situação na Líbia "preocupa muito" a França, por recear que a Turquia e a Rússia, que apoiam cada um dos campos rivais rivais, se entendam "pelos seus interesses" em detrimento da estabilidade do país, indicou hoje a presidência francesa.
© Reuters
Mundo Líbia
"A crise líbia complica-se devido às ingerências estrangeiras, russas e turcas", e "existe o risco de que a crise nos escape coletivamente", precisou a mesma fonte citada pela agência noticiosa AFP.
"A inquietação do Presidente coincide com o reforço da presença turca e em condições que parecem perigosas", prosseguiu.
Paris receia "o pior dos cenários", onde a Rússia, que apoia o marechal dissidente Khalifa Haftar, e a Turquia, que apoia a Governo de Acordo Nacional (GAN) de Fayez al-Sarraj em Tripoli, "se entendam num cenário político pelos seus interesses".
"Assistimos ao importante risco de um facto consumado nas fronteiras da Europa, que expõe a nossa segurança", segundo o palácio presidencial do Eliseu.
"Isso explica por que motivo nos mobilizámos", indicou a presidência francesa, quando Paris tenta retomar a iniciativa diplomática para tentar solucionar um conflito que se prolonga há quase uma década.
"O que procuramos não é a vitória de um campo contra outro, mas o compromisso de negociações no âmbito da realidade do terreno hoje", incluindo a partilha dos recursos petrolíferos, referiu o Eliseu.
A França, apesar de diversos desmentidos, é suspeita de ter apostado no general Haftar, o homem forte do leste líbio, após as suas forças terem desencadeado em abril de 2019 uma ofensiva em direção a Tripoli (oeste), onde está sediado o GAN, reconhecido pela ONU.
Após uma progressão de vários meses, as forças de Haftar registaram recentemente diversas derrotas militares.
Os dois campos disputam o poder no país petrolífero, em situação de caos desde o derrube do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e de uma decisiva intervenção militar da NATO, onde a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos.
A guerra civil na Líbia, que se agravou na sequência da ingerência militar externa, em particular do Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos em apoio a Haftar, e mais recentemente da Turquia e Qatar em apoio ao campo oposto, provocou milhares de mortos e mais de 200.000 deslocados.
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