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Sudão limita acessos em aniversário de manifestação contra PR deposto

As Forças Armadas sudanesas fecharam hoje os acessos ao quartel-general e colocaram tropas em vários pontos da capital do país, no dia em que faz um ano que ocorreu a grande manifestação em que morreram dezenas de pessoas.

Sudão limita acessos em aniversário de manifestação contra PR deposto
Notícias ao Minuto

14:41 - 06/04/20 por Lusa

Mundo Omar al Bashir

Naquele dia, a ação policial, que ainda hoje está a ser investigada, para dispersar os manifestantes em protesto contra o regime do Presidente deposto, Omar al Bashir, levou à morte de dezenas de pessoas.

"Todos têm o direito de se exprimir, mas não o permitiremos que o façam na área do Comando Geral e o povo sabe, a partir de agora, que as nossas ruas estão fechadas porque a questão da dispersão da concentração ainda não foi resolvido", disse o porta-voz das Forças Armadas, Amer Mohamed al Hassan, na rádio militar.

A concentração massiva de 06 de abril de 2019 foi o culminar de meses de protestos anti-governamentais. Os manifestantes foram então apoiados pelos militares contra a polícia quando esta tentou expulsá-los, e cinco dias mais tarde os militares encenaram um golpe que pôs fim a 30 anos de domínio de Al Bashir.

Após a queda de Al Bashir, as concentrações permaneceram naquela praça até que as forças de segurança a invadiram, em 3 de junho, de 2019, e abriram fogo sobre os manifestantes, queimando as suas tendas, de acordo com várias fontes.

A ação policial, que resultou em 87 mortes, segundo o Ministério Público, e 130, de acordo com dados das associações civis e sindicatos, está ainda a ser investigada pela comissão designada para o efeito, que solicitou uma prorrogação de três meses no prazo para entrega das conclusões nos últimos dias, fixando junho como a mês para a apresentação do relatório.

Além de blindar o seu quartel-general em Cartum, em frente ao qual se realizou o acampamento dos manifestantes em 2019, o exército também fechou várias estradas de acesso ao centro da capital e colocou tanques e veículos blindados em vários pontos da zona leste da cidade.

Por seu lado, as Forças para a Liberdade e Mudança, a principal plataforma da oposição na altura em que ocorreram os protestos e que mais tarde chegaram a acordo com os militares para formar um governo de transição, suspenderam as marchas e manifestações marcadas para o aniversário por causa da pandemia do novo coronavírus.

Um porta-voz do grupo que liderou as revoltas contra Al Bashir, Waydi Saleh, disse às agência de notícias espanhola EFE que pediram aos cidadãos que comemorassem o aniversário da revolução nas suas casas, carros e locais de trabalho.

"No primeiro aniversário da concentração, não esqueceremos as almas dos mártires que escreveram com o seu sangue a vitória da revolução. As suas famílias esperam represálias quando a comissão de inquérito sobre a dispersão da concentração terminar os seus trabalhos", afirmou o porta-voz.

No passado mês de julho, a Procuradoria-Geral da República anunciou que iria intentar uma ação judicial contra nove altos funcionários por "crimes contra a humanidade", pelo seu papel no dispersão dos manifestantes, mas não especificou se estes pertenciam às Forças de Apoio Rápido (FAR), que foram acusadas das agressões pela oposição.

Segundo aquela entidade, pelo menos 87 pessoas foram mortas e 168 feridas no dia 06 de abril de 2019, mas para Associação Profissional Sudanesa 130 morreram naquel dia na sequência dos acontecimentos.

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