Um ano de prisão efetiva para opositor político e militante do 'Hirak'
O opositor político Abdelouahab Fersaoui, militante do Hirak', o movimento de contestação antirregime na Argélia, foi condenado hoje a um ano de prisão efetiva, anunciou uma associação de defesa dos detidos.
© Reuters
Mundo Argélia
Presidente da União-Ações-Juventude (RAJ, na sigla em francês), uma associação da sociedade civil integrada no 'Hirak', Fersaoui estava indiciado por "atentado à integridade do território nacional".
Durante o seu processo que decorreu em 23 de março à porta fechada no tribunal de Sidi M'hamed, em Argel, devido à pandemia da covid-19, o procurador pediu dois anos de prisão efetiva.
"Um ano de prisão efetiva contra Abdelouahab Fersaoui, presidente da associação RAJ, detido em 10 de outubro de 2019", anunciou o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), na sua página na rede social Facebook.
O CNLD denunciou uma "pesada condenação" e "a obstinação judicial que prossegue contra os ativistas e os detidos neste período de confinamento".
Fersaoui permanecia em prisão preventiva desde a sua detenção em 10 de outubro quando participava numa concentração de apoio aos detidos.
De acordo com o último balanço do CNLD, 44 pessoas permanecem atualmente detidas nas prisões argelinas e indicadas por envolvimento no 'Hirak'.
Este movimento de contestação de massas e pacífico foi desencadeado em diversas regiões da Argélia em fevereiro de 2019. Após ter forçado à demissão do Presidente Abdelaziz Bouteflika em abril de 2019, o 'Hirak' passou a exigir o fim do "sistema" que governa o país desde a independência em 1962, com forte influência da hierarquia militar, e o regresso aos valores originários da "revolução argelina".
Após 56 semanas consecutivas de manifestações à terça-feira, organizadas pelos estudantes, e sexta-feira, com ampla participação popular, o 'Hirak' suspendeu os protestos em 20 de março, após o Governo ter ordenado na véspera o encerramento de cafés e restaurantes nas grandes cidades, a suspensão de todos os meios de transportes públicos e privados no interior das cidades e entre as prefeituras ('wilayas'), e ainda o tráfego ferroviário.
Escolas, salões de festas, mesquitas, estádios, entre outros locais, tinham já sido encerrados.
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