Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
12º
MIN 12º MÁX 17º

Fações rivais alcançam "projeto de acordo" para cessar-fogo na Líbia

As fações rivais líbias, envolvidas nos últimos dias em conversações militares em Genebra (Suíça), elaboraram um "projeto de acordo de cessar-fogo" que deverá permitir às Nações Unidas monitorizar "o regresso seguro" de civis deslocados, anunciou hoje a ONU.

Fações rivais alcançam "projeto de acordo" para cessar-fogo na Líbia
Notícias ao Minuto

14:45 - 24/02/20 por Lusa

Mundo Líbia

"As duas partes concordaram em apresentar um projeto de acordo aos respetivos líderes para novas consultas e reunir-se novamente no próximo mês para retomar as conversações", indicou a missão de apoio da ONU na Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês) num comunicado, no final da segunda ronda de negociações entre representantes militares do Governo de Acordo Nacional líbio (reconhecido pela ONU) e do Exército Nacional Líbio, chefiado pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste líbio.

Na mesma nota, a UNSMIL precisou que as duas partes irão finalizar o acordo e passá-lo "aos comités responsáveis pela aplicação".

Caso o acordo seja validado pelas duas fações rivais, a UNSMIL será responsável, em parceria com uma comissão militar conjunta, pela monitorização do cessar-fogo.

Esta comissão militar conjunta, que se reuniu até domingo em Genebra, é composta por dez altos responsáveis militares, cinco oficiais de cada fação militar.

Desde 2015, o Governo de Acordo Nacional líbio, estabelecido em Tripoli e reconhecido pela ONU, e as forças leais ao marechal Khalifa Haftar disputam o poder líbio.

A situação tornou-se ainda mais crítica desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Haftar, que avançou em abril de 2019 contra Tripoli.

Um cessar-fogo foi estabelecido em janeiro passado sob os auspícios da Rússia, que apoia Khalifa Haftar, e da Turquia, aliado do governo formado em 2015 e liderado por Fayez al-Sarraj, mas a trégua foi sucessivamente violada.

A UNSMIL renovou hoje os seus apelos às duas fações rivais líbias para que "respeitem plenamente a atual trégua e a proteção da população civil, dos bens e das infraestruturas vitais".

As negociações militares são uma das três vertentes do diálogo inter-líbio que está a ser conduzido pela ONU.

As outras duas vertentes estão focadas em assuntos políticos e económicos.

Duas reuniões de cariz económico ocorreram nas últimas semanas em Tunes (Tunísia) e no Cairo (Egito).

As conversações políticas, que devem arrancar na quarta-feira, vão incluir representantes das duas fações rivais líbias e personalidades convidadas pelo enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé.

Momentos antes do anúncio destes novos desenvolvimentos na situação líbia, as agências internacionais divulgaram declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros líbio, Mohamed Siala, a criticar a inação da comunidade internacional, em particular dos Estados Unidos, para ajudar a Líbia a retomar a produção de petróleo, paralisada desde o início da ofensiva militar liderada por Haftar.

"No passado, a comunidade internacional e os Estados Unidos intervieram e os campos de petróleo foram abertos em 24 horas, quando existia uma grande procura no mercado internacional, mas agora não estão a fazer isso e estamos surpreendidos, mesmo sendo esta a única fonte de receita para a Líbia", afirmou o ministro, numa conferência de imprensa em Genebra.

Na opinião de Mohamed Siala, a situação deve-se a vários fatores, entre os quais a epidemia do novo coronavírus (Covid-19) que está a afetar a economia mundial e está a reduzir a procura de crude.

"A comunidade internacional não precisa da produção líbia, um milhão de barris diários, e por isso não intervém", criticou o ministro líbio.

A Líbia, que possui as reservas de petróleo mais importantes no continente africano, é um país imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.

Desde o início da ofensiva das tropas de Haftar sobre Tripoli foram mortas mais de mil pessoas, incluindo mais de duas centenas de civis, e mais de 140.000 líbios estão deslocados, segundo a ONU.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório