Kentaro Iwata, especialista em doenças infeciosas da Universidade de Kobe, visitou o cruzeiro Diamond Princess, esta terça-feira, um dia antes do Governo japonês permitir que os passageiros desembarcassem do navio em quarentena há vários dias.

Quando saiu da embarcação, o especialista, que esteve no navio como membro de uma equipa de assistência médica especialista em cenários de acidente, depois de ter visto negada a sua entrada como especialista em controlo de infeções, revelou no YouTube estar chocado com o que viu.

“O [protocolo no] navio cruzeiro está completamente inadequado em termos de controlo da infeção”, começou por dizer Kentaro Iwata, citado pelo site Quartz.

De seguida, o japonês garante que não há distinção entre “a zona verde, livre de infeção, e a zona vermelha, potencialmente contaminada pelo vírus” e que nem todos os membros da tripulação utilizavam equipamentos de proteção.

Mais. Kentaro Iwata garante que, em duas décadas de trabalho com doenças infeciosas, esta foi a primeira vez que teve medo de contrair um vírus. “Estava com tanto medo de ser infetado com o Covid-19 porque não há forma de saber onde é que ele está. Não há zona verde, não há zona vermelha. O vírus pode estar em qualquer lugar. Não há ninguém encarregado da prevenção de infeções”.

“Completamente caótico” termina Kentaro.

Governo do Japão acusa especialista de invasão de cruzeiro

Depois das acusações de Kentaro, o vice-ministro da Saúde do Japão, Gaku Hashimoto, que esteve a bordo do navio, lançou uma série de tweets sobre a situação.

Gaku começou por dizer que Kentaro invadiu o navio e não conseguiu justificar a sua presença lá, por isso, foi convidado a sair da embarcação e acrescentou que este incidente será investigado pelo Ministério da Saúde.

De seguida, um funcionário do Governo disse ao jornal japonês Asahi Shimbun que tinha sido um “equívoco” o facto de amadores, em vez de especialistas, terem entrado no Diamond Princess

Recorde-se que os passageiros do Diamond Princess, que está atracado no Japão há vários dias, começaram a desembarcar esta quarta-feira, depois de concluído o período de isolamento fixado pelas autoridades para evitar a propagação do novo vírus.

À medida que o número de pessoas infetadas no navio aumentava, com o passar dos dias, os especialistas questionavam cada vez mais a estratégia do Japão em continuar a impor a quarentena a milhares de pessoas, num espaço fechado.

Esta quarta-feira, as autoridades de saúde japonesas confirmaram que há 621 casos positivos para o novo coronavírus no cruzeiro. Estes passageiros continuam a bordo, enquanto as pessoas que testaram negativo para o novo coronavírus tiveram autorização para desembarcar.

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