Falta de acordo entre Europa e Ucrânia evidencia crise dos 28
O presidente da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros considerou hoje que o fracasso do acordo entre a União Europeia e a Ucrânia demonstra que os 28 estão em crise e que é preciso "corrigir a mão".
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Mundo Sérgio Sousa Pinto
A Cimeira da Parceria Oriental, que teve lugar em Vilnius na semana passada, ficou marcada pela não celebração de acordos de associação e de comércio livre com a Ucrânia que era suposto serem assinados nesta ocasião, alegadamente devido a pressões de Moscovo sobre Kiev.
Para o responsável da comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades, Sérgio Sousa Pinto (PS), que esteve presente na cimeira, este falhanço mostra que a União Europeia (UE) "não está a viver um bom momento", fruto da "prevalência dos egoísmos nacionais e da lógica dos Estados".
"A capacidade magnética da União Europeia, da Europa ocidental, dos valores europeus, da promessa de prosperidade solidária de uma comunidade de destino comum, que é o que define a UE, estão a viver uma crise", defendeu o deputado socialista, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião da comissão parlamentar, em que abordou este assunto.
Para Sousa Pinto, que foi eurodeputado, a crise da UE "tem expressão na crise das dívidas soberanas, que está a atingir os países do Sul, e que tem sido objeto de políticas profundamente antieconómicas, injustas e insuportáveis para os países do Sul", além de "não contribuírem para o prestígio externo da UE".
Esta crise, a par do "declínio geral das políticas comuns e do enfraquecimento da Comissão Europeia enquanto intérprete do interesse comum", têm "diminuído a capacidade da UE de exercer aquilo que gostou de classificar como 'soft power', a capacidade de impor os seus pontos de vista e exercer uma real capacidade de atração no mundo", referiu.
O deputado do PS considerou que, agora, os 28 foram "obrigados a engolir uma vitória diplomática" da Rússia.
"A Ucrânia terá sido vítima de uma política muito agressiva e afirmativa do interesse da Rússia, que está, inserida na sua região, a fazer aquilo que lhe compete, a proteger os seus interesses, desde que o faça de formas que sejam compatíveis com o direito internacional, e parece ser esse o caso", sustentou.
Sousa Pinto defendeu que a Europa tem de avançar para "as reformas que se impõem para que seja capaz de exercer sobre os seus vizinhos a influência que deseja exercer".
"A Europa quer estabilizar as democracias da sua fronteira oriental, mas se não corrige a mão em relação à forma como vem gerindo a crise das dívidas soberanas, mais cedo que tarde estará ocupada a procurar estabilizar as democracias do sul da Europa", avisou.
O deputado considerou que a UE "ou se impõe e é capaz de uma afirmação vigorosa dos valores europeus e reafirma a Europa como uma comunidade de destino, uma comunidade de povos que decidiram ter um destino comum e apostada na sua integração política solidária", ou então "a Europa regredirá" e vai assistir-se "ao regresso da Rússia como único ator geoestratégico".
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