ONU acusa Sudão de quebrar acordo de paz ao criar força de combatentes
Um relatório das Nações Unidas divulgado esta semana acusou o Serviço de Segurança Nacional do Sudão do Sul de recrutar uma força de 10 mil combatentes no bastião étnico do Presidente, quebrando os termos do acordo de paz.
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Mundo ONU
O relatório assinado por um painel de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) que acompanha as sanções aplicadas ao Sudão do Sul e citado na quarta-feira pela Associated Press expressou preocupação com a lenta implementação do acordo de paz, assinado em setembro de 2018, que pôs fim a uma guerra civil que matou cerca de 400 mil pessoas.
O documento refere que o Governo sul-sudanês, conduzido pelo Presidente Salva Kiir, tem mostrado pouco interesse em cumprir o acordo no que toca à segurança, colocando em perigo o país e representando uma "ameaça imediata" à frágil paz no país.
Este mês, os atores políticos sul-sudaneses falharam o prazo para a criação de um Governo de união nacional transitório, cujo limite, já antes prolongado, estava marcado para 12 de novembro.
Salva Kiir e o principal líder rebelde, Riek Machar, acordaram um novo adiamento por cem dias, até meados de fevereiro, para resolver divergências relacionadas com segurança e governação.
O impasse levou a que os Estados Unidos da América chamassem, esta semana, o seu embaixador no Sudão do Sul, para reuniões em Washington onde as relações entre os dois países serão reavaliadas.
O porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, afirmou que o secretário-geral da organização, António Guterres, está "obviamente preocupado com quaisquer ações que nos afastem da tão necessária paz e reconciliação no Sudão do Sul".
Este novo relatório da ONU refere que os signatários do acordo de paz não "tomaram decisões significativas" para a implementação nos últimos meses, acrescentando que os esforços para a criação de uma força de segurança comum estão "consideravelmente atrasados".
O documento refere entre os recrutados para esta força de 10.000 militares se encontram várias crianças.
Esta força militar está sob o comando direto do Serviço de Segurança Nacional do Sudão do Sul e, para a ONU, "é contrária às disposições do acordo de paz".
O Sudão do Sul, com maioria de população cristã, obteve a sua independência ao separar-se do norte árabe e muçulmano em 2011, mas a partir do final de 2013 o país entrou num conflito civil, provocado pela rivalidade entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-Presidente, Riek Machar.
As partes formaram um Governo de unidade nacional em 2016, que caiu poucos meses após a formação devido a um reinício da violência, tendo essa sido a primeira tentativa de pacificação do jovem país africano.
O acordo para a criação de um Governo unitário com os rebeldes, aprovado em setembro, foi o mais recente de uma série de acordos entre o executivo de Salva Kiir e os rebeldes liderados por Machar desde o início de uma guerra civil, em 2013.
Em cinco anos de conflito, estima-se que este tenha provocado a morte de 400 mil pessoas e levado a que quatro milhões ficassem deslocadas.
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