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Bercow recusa responsabilidade diz que divisões refletem o Reino Unido

O antigo presidente da Câmara dos Comuns John Bercow recusa ser responsabilizado pelo bloqueio do processo do 'Brexit', alegando que os debates e votações no Parlamento britânico refletiram as divergências dos deputados e do país sobre o assunto.

Bercow recusa responsabilidade diz que divisões refletem o Reino Unido
Notícias ao Minuto

16:28 - 06/11/19 por Lusa

Mundo Brexit

Numa conferência de imprensa organizada pela associação de jornalistas estrangeiros no Reino Unido, Bercow disse que procurou ser neutro nos seus 10 anos em funções e que, mesmo quando foi objeto de pressões dos deputados, nunca cedeu.

O antigo 'speaker' explicou que o critério para a escolha de emendas e alterações à legislação do governo pode ser o número de subscritores ou o teor e lembrou que, durante os debates sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), escolheu desde propostas para um segundo referendo como para sair sem acordo.

Num caso controverso, recordou ter aprovado em janeiro uma emenda do deputado conservador Dominic Grieve para forçar o governo a apresentar novos planos três dias após o chumbo do acordo, limitando a margem de manobra da então primeira-ministra Theresa May.

"O governo considerou que foi ilegítimo", mas o seu objetivo, explicou Bercow, foi tentar "facilitar" o debate de uma alternativa e a proposta que acabou por ser aprovada.

"A minha função não era proteger o Governo da realidade da aritmética parlamentar", justificou.

Bercow atribui o bloqueio do 'Brexit' às divergências existentes no Parlamento, eleito apenas um ano depois do referendo de 2016, quando 52% dos eleitores votaram a favor da saída britânica na UE.

"Ao estar dividido, o Parlamento reflete ou representa o país. O país está dividido", explicou o antigo 'speaker'.

Bercow criticou o Procurador Geral, Geoffrey Cox, por ter classificado o Parlamento como "uma desgraça" após a suspensão decretada pelo governo ter sido declarada ilegal, verbalizando a frustração do governo.

"Tem o direito à sua opinião, mas no meu entender, ele sofre de uma desvantagem material por estar errado", disse, na sua linguagem tipicamente rebuscada.

Quanto aos cidadãos britânicos, manifestou compreensão por estarem "fartos" do 'Brexit', mas argumentou que a pressa não é uma boa forma de conduzir políticas.

"Vamos continuar a debater o 'Brexit', não só no Parlamento, mas no país, com certeza durante pelo menos os próximos cinco anos, muito provavelmente nos próximos 10, muito possivelmente nos próximos 15", prognosticou.

Ao que acrescentou, no seu estilo próprio e irónico: "Isto é tão evidente que apenas alguém extraordinariamente inteligente e sofisticado não seria capaz de o reconhecer".

John Bercow cessou funções na sexta-feira, tendo sido substituído pelo trabalhista Lindsay Hoyle numa eleição realizada na segunda-feira entre os deputados.

No encontro hoje com jornalistas, demonstrou a sua paixão pelo ténis, ao referir jogadores e histórias relacionadas com as nacionalidades dos seus interlocutores.

Sobre o futuro, revelou que não pretende continuar ligado à política e que está interessado em desenvolver atividade na área da responsabilidade social de empresas e em fazer conferências.

"Quero ganhar um sustento, divertir-me um pouco e fazer algum bem", resumiu, anunciando que pretende publicar um livro no primeiro trimestre de 2020.

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