Empresa que vai abrir urna de Franco denuncia insultos e ameaças
A empresa familiar responsável pelo levantamento na quinta-feira da laje da sepultura onde o ex-ditador espanhol, Francisco Franco, está sepultado há 44 anos denunciou hoje a campanha de "insultos, acusações falsas e ameaças" que está a sofrer.
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Mundo Espanha
Os irmãos Juan Carlos e Lorenzo Verdugo Jiménez manifestaram, num comunicado enviado à agência Efe, a sua estranheza pelo "protagonismo" que a imprensa tem dado a "uns modestos trabalhadores" que se limitam a realizar as tarefas que lhes foram confiadas "totalmente alheios a interesses partidários e a decisões políticas ou judiciais".
Os proprietários da empresa "Mármores e granitos Hermanos Verdugo Jiménez", com sede em Villamayor de Santiago (Espanha), pediram para ser deixados em paz, para poderem realizar o seu trabalho de forma "tranquila", e para que os "deixem de utilizar com qualquer finalidade política".
"Consideramos que não temos qualquer interesse informativo ou mediático e renunciamos a qualquer tipo de protagonismo", sublinharam os irmãos, que também insistem que o seu trabalho se limita a "levantar a tampa superior", visto que o restante trabalho de exumação no Vale dos Caídos será realizado por outras empresas funerárias de maior dimensão.
"Os nossos únicos objetivos são a honestidade e o trabalho, alheios a qualquer tipo de fama ou protagonismo e, como sempre fazemos e habitualmente, esses trabalhos serão realizados com o respeito devido ao falecido e aos seus familiares".
A exumação e transferência dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos, a cerca de 70 quilómetros de Madrid, para o cemitério de El Pardo-Mingorrubio, nos arredores da capital espanhola, está marcada para se iniciar na quinta-feira, às 10:30 (09:30 em Lisboa).
O caixão com os restos mortais do ditador deixará a basílica do Vale dos Caídos aos ombros de alguns dos seus familiares, sem bandeiras nem honras militares e será, posteriormente, transferido, se o tempo o permitir, num helicóptero das Forças Armadas espanholas para o cemitério.
Segundo o dispositivo organizado pelo Governo espanhol, dentro da basílica, onde não poderão ser captadas imagens, só poderão estar os trabalhadores estritamente necessários para extrair a laje que cobre a tumba, de 1.500 quilos, um médico legista, o ministro da Justiça como notário superior do reino e responsável pela elaboração do registo da exumação, além de 22 familiares que demonstraram desejo de comparecer, entre netos e bisnetos do ditador.
Após um breve voo que durará cerca de 10 minutos, no qual o caixão será acompanhado por um dos netos do ditador e pela ministra da Justiça, o helicóptero pousará num antigo heliporto da Guarda Real espanhola, muito perto do cemitério.
Em Mingorrubio será celebrada uma cerimónia religiosa só para a família, que estará a cargo do prior de Vale dos Caídos e de um padre, filho de Antonio Tejero, um guarda civil condenado pela tentativa de golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, no parlamento espanhol.
A exumação será feita no cumprimento da Lei da Memória Histórica, aprovada pelo Congresso em 2017, e de acordos adotados pelo Governo de Pedro Sánchez este ano.
Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado e de Governo, até morrer em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.
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