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Parlamento Europeu deixa colégio de Von der Leyen sem três comissários

O colégio de comissários de Ursula Von der Leyen sofreu, esta quinta-feira, a sua maior 'baixa', a terceira em pouco mais de uma semana, com o 'chumbo' da designada francesa e aliada de Emmanuel Macron, Sylvie Goulard, pelo Parlamento Europeu.

Parlamento Europeu deixa colégio de Von der Leyen sem três comissários
Notícias ao Minuto

17:42 - 10/10/19 por Lusa

Mundo Comissão Europeia

A decisão da assembleia europeia é ainda mais surpreendente porque nunca um candidato designado pela França tinha sido rejeitado pelo Parlamento Europeu (PE) desde que as audições dos candidatos ao executivo comunitário tiveram início, em 1995.

Num momento em que ainda não indicou quem serão os substitutos do húngaro László Trócsányi (Vizinhança e Alargamento) e da romena Rovana Plumb (Transportes), vetados em 30 de setembro pela comissão parlamentar de Assuntos Jurídicos (JURI), devido a potenciais conflitos de interesse entre os seus interesses financeiros e as suas futuras funções, Ursula Von der Leyen tem agora, a apenas 13 dias de o PE votar o colégio de comissários como um todo, um problema bem maior para resolver, juntamente com Emmanuel Macron, o outro grande derrotado do dia.

A liberal francesa pode até ter sido a vítima perfeita -- dado o seu polémico historial e a recusa em aceitar demitir-se caso venha a ser acusada pela justiça francesa no processo dos empregos fictícios de assistentes do seu partido, o MoDem, na assembleia europeia -- para uma retaliação pelos 'chumbos' de Trócsányi (Partido Popular Europeu) e de Plumb (Socialistas e Democratas) e pela sua proximidade com o Presidente francês, visto pelo PE como o 'culpado' pela morte do 'Spitzenkandidaten', o processo segundo o qual o presidente da Comissão Europeia é escolhido entre os candidatos apresentados pelas principais famílias políticas europeias.

Essa teoria é sustentada pela Presidência francesa que, após o 'chumbo' da sua candidata, reagiu num comunicado afirmando que Goulard foi "sujeita a um jogo político que atinge a Comissão Europeia no seu conjunto", e estimando que, por detrás do voto contra a candidata francesa, tenha estado "ressentimento, talvez pequenez".

Antes desta contratempo maior, a semana até estava a correr de feição para a presidente eleita: não só a assembleia europeia deu 'luz verde' a dois candidatos no 'limbo', o polaco Janusz Wojciechowski (Agricultura), que tinha causado apreensão junto dos eurodeputados devido às suas respostas evasivas e hesitantes sobre o futuro da política agrícola da União Europeia, e a sueca Ylva Johansson (Assuntos Internos), que revelou desconhecimento em temas fulcrais da pasta que irá tutelar, como as audições dos seus vice-presidentes decorreram sem sobressaltos.

Demonstrando o porquê de terem sido escolhidos para ser os 'braços direitos' da presidente eleita, os três vice-presidentes executivos da Comissão Von der Leyen 'passearam-se' no frente a frente com as comissões parlamentares, merecendo rasgados elogios e o parecer favorável dos eurodeputados.

E se a nota mais do que positiva do holandês Frans Timmermans (Pacto Ecológico para a Europa), da dinamarquesa Margrethe Vestager (Era Digital) e do letão Valdis Dombrovskis (Uma Economia ao Serviço das Pessoas) foi apenas uma confirmação daquilo que já era expectável, dado que cada um dos futuros vice-presidentes pertence a uma das três maiores famílias políticas do PE (respetivamente, os Socialistas e Democratas, o Renovar a Europa e o Partido Popular Europeu) e são três dos mais destacados membros da Comissão cessante, o desempenho de espanhol Josep Borrell foi uma verdadeira surpresa.

Conhecido pelas suas opiniões politicamente incorretas e 'saídas de tom', o futuro Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e vice-presidente para Uma Europa mais forte na cena mundial mostrou-se comedido, evitando temas fraturantes como a Catalunha e o Kosovo, e conhecedor dos dossiês que terá em mãos, alinhando a sua postura com aquela que tem sido a do bloco comunitário nos últimos anos, nomeadamente em relação à Venezuela, Rússia, Irão ou Estados Unidos.

Já a audição da checa Vera Jourova, a outra vice-presidente ouvida esta semana, passou quase despercebida, com a nova responsável pela tutela do Estado de Direito (integrada na pasta mais abrangente denominada Valores e Transparência) a receber o parecer positivo dos eurodeputados, após revelar-se favorável aos procedimentos de infração à Hungria e à Polónia por violação do Estado de Direito e prometer que iria fazer mais (e melhor) para proteger os jornalistas em toda a UE.

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