Macri inicia maratona para tentar reverter anunciada derrota eleitoral
O Presidente argentino, Mauricio Macri, começa hoje a chamada Operação Milagre, envolvendo 30 marchas em 30 cidades durante 30 dias com 30 propostas para a classe média com o objetivo de forçar uma segunda volta nas eleições presidenciais de outubro.
© Reuters
Mundo Argentina
A campanha eleitoral de Macri pretende reverter um tendência que os analistas consideram irreversível perante o candidato de Cristina Kirchner à Presidência, Alberto Fernández.
O foco da maratona de marchas e propostas é o voto da classe média, setor onde se concentram os denominados "desencantados": aqueles que se decepcionaram com Macri e que, para o castigar, votaram na oposição, mesmo sendo contra o chamado "kirchnerismo".
Alcunhada como "Operação Milagre", a campanha oficialmente chamada de "Sim, é possível" ("Sí, se puede") tem o objetivo de forçar a segunda volta com uma receita em duas vias.
A primeira aponta à espontaneidade. Macri quer mostrar-se mais próximo dos seus eleitores, tentando recriar o ambiente de 24 de agosto, quando uma imensa manifestação popular ocupou praças em todo o país, com epicentro na Praça de Maio, para apoiar o Presidente.
Para isso, Macri chegará à manifestação de hoje às 17:00 de Buenos Aires (21:00 de Lisboa) de comboio e caminhará entre os eleitores no bairro de Belgrano, zona de classe média alta da cidade de Buenos Aires, onde o desempenho do Presidente foi superior à média nacional.
A segunda via aponta ao principal lema daquela manifestação espontânea de agosto: a defesa da República num entendimento de que uma vitória do "kirchnerismo" significará a volta do hiper-presidencialismo em detrimento das demais instituições.
Para isso, sem triunfos a exibir na economia, Macri vai destacar aqueles que considera os aspectos louváveis do seu Governo e que foram sempre os pontos vulneráveis do 'kirchnerismo': transparência na gestão, inserção da Argentina no cenário internacional, combate ao tráfico de drogas, liberdade de expressão, grandes obras públicas e combate à corrupção.
"São todos pontos valorizados pelas classes média e alta, de quem Macri ainda pode tentar recuperar votos. Na classe baixa, a urgência passa pela economia, onde o Presidente não pode exibir conquistas e onde essas bandeiras republicanas são abstratas", afirmou à Lusa o analista político Raúl Aragón, em referência à elevada inflação de 54,5% nos últimos 12 meses combinada com uma forte recessão económica.
"O máximo de Macri pode fazer em matéria económica é uma autocrítica", sintetiza.
A situação económica explica que, apesar de acusada em 12 processos judiciais, a maioria por corrupção, a ex-Presidente Cristina Kirchner (2007-2015) tenha conseguido uma contundente vitória por 16,5 pontos acima de Macri nas eleições primárias de 11 de agosto, indicando o que deve acontecer nas eleições de 27 de outubro.
Alberto Fernández obteve 49,49% dos votos, quando, na Argentina, bastam 45% para ser eleito presidente em primeira volta.
"Eu me responsabilizo pela conjuntura difícil, mas somos parte da solução; não do problema", disse Macri, nesta sexta-feira, ao inaugurar obras de urbanização na localidade de Saladillo na província de Buenos Aires. Até 27 de outubro, o Presidente deve inaugurar 85 obras como parte do marketing de campanha.
Para Alberto Fernández, nada do que Macri fizer ou anunciar diariamente ao longo dos próximos 30 dias poderá reverter o resultado.
"Todos os dias [Macri] pode fazer as coisas pior do que já fez porque a sua incapacidade de gestão é incrível", atacou Fernández.
O Centro de Opinião Pública (COPUB) da Universidade de Belgrano divulgou uma sondagem entre os portenhos (habitantes da capital argentina), segundo a qual apenas 18% dos entrevistados disseram acreditar que Macri possa reverter a vantagem de Fernández.
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