Celebrações em Timor-Leste evocam símbolos da libertação
Música que marcou momentos da luta de Timor-Leste pela independência, incluindo o tema 'Timor', cantado por Luis Represas, com focos de telemóveis a simbolizarem velas, marcou hoje as cerimónias oficiais dos 20 anos do referendo de 1999.
© Reuters
Mundo Timor-Leste
A cor musical e das danças tradicionais foi a tónica lúdica numa cerimónia onde se homenagearam os muitos que lutara para Timor-Leste ser independente e onde se ouviu uma curta mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Na sua mensagem, o português, à data primeiro-ministro, mostrou-se orgulhoso do seu papel e recordou que "Timor inspirou o mundo" e mostrou a importância do multilateralismo.
As cerimónias decorreram no recinto de Tasi Tolu -- cujo nome lhe é dado pelas três lagoas salgadas da zona -- e que tem acolhido alguns dos momentos mais marcantes das últimas décadas.
Foi ali que muitos dos líderes que hoje ainda continuam ativos, ainda que em cargos diferentes, testemunharam, a 20 de maio de 2002, e perante líderes do mundo interior, a subida da bandeira que marcou a restauração da independência de Timor-Leste.
Hoje os palcos, as estruturas, são ainda mais sólidas do que na altura, com centenas de pessoas envolvidas para tentar minimizar problemas associados a gerir uma 'festa' com VIP do mundo interior.
A dominar o recinto e viradas para o palco e para o público, três tendas gigantes, decoradas com tecidos longos nas cores da bandeira nacional -- vermelho, preto, amarelo e branco -- onde convidados se juntaram, muitos de regresso a Timor-Leste depois de uma ausência prolongada.
Cada tenda representando pilares diferentes da luta contra a ocupação indonésia.
Ao centro, a mais luxuosa na decoração e nos sofás de napa escura, está a tenda VIP, a Lafaek (crocodilo), a relembrar o mito criacionista do país e recordar o misticismo que deu coragem à luta e que hoje ainda prevalece.
Do lado direito, mais próximo da estátua de João Paulo II -- cumprem-se em outubro 30 anos que visitou este mesmo recinto, num momento de grande significado para a relação entre a igreja e a população -- está a tenda Lorico, o papagaio.
Os loricos representam a juventude do país - 70% da população tem menos de 25 anos -- mas também recordam a importante rede clandestina, interna e externa, que ajudou a dar a conhecer ao mundo, com o apoio da rede diplomática, a luta simbolizada pela frente armada.
Do outro lado da tenda VIP está a "Rusa Fuik", veado selvagem, em tétum, mas que tem uma carga adicional de simbolismo, usada como expressão positiva para descrever pessoas corajosas e valentes.
Uma vasta equipa liderada por Xanana Gusmão -- que passou várias noites no recinto esta semana -- preparou, praticamente até ao último minuto, toda a logística envolvente.
Depois coube ao Presidente da República discursar e conferir a Ordem de Timor-Leste a 16 pessoas -- duas delas já agraciadas no passado, mas que ainda não tinham recebido a condecoração -, dois órgãos de soberania de "países amigos" e uma organização.
Entre os condecorados esteve o delegado da Agência Lusa no país e a Assembleia da República portuguesa, representada pelo seu presidente, Eduardo Ferro Rodrigues, que está em Timor-Leste em representação do Estado português.
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