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Ian Martin recorda coragem e unidade de propósito dos timorenses

O chefe da missão da ONU que supervisionou o referendo de 1999 em Timor-Leste disse hoje no parlamento em Díli que a independência do país se deveu à "extraordinária unidade de propósitos" dos timorenses.

Ian Martin recorda coragem e unidade de propósito dos timorenses
Notícias ao Minuto

06:54 - 30/08/19 por Lusa

Mundo Timor-Leste

Um esforço que se evidenciou também na coragem dos funcionários timorenses das Nações Unidas, cujo trabalho foi essencial para o êxito do voto de 30 de agosto de 1999, disse Ian Martin.

"O espírito que se viveu em 1999 foi de uma extraordinária unidade de propósitos entre aqueles que superaram as divisões anteriores para reivindicar a verdadeira determinação à autodeterminação de Timor-Leste", afirmou o responsável da UNAMET, a missão que organizou o referendo de 1999 em Timor-Leste, no parlamento timorense.

"Peço-vos que reconheçam o pessoal timorense da UNAMET também como vossos heróis e heroínas nacionais. E, lembro, especialmente hoje, tal como a ONU fez ontem, os nossos catorze funcionários que foram mortos ou desapareceram", disse.

Ian Martin falava na sessão solene do Parlamento Nacional que assinalou hoje o 20.º aniversário da Consulta Popular em que mais de 78% dos timorenses escolheram a independência.

"Às vezes parecia uma missão impossível organizar a votação em apenas três meses, em terreno difícil, e com muitas ameaças e episódios reais de muita violência pelo meio. Mas o que tornou esta missão excecional foi a proximidade do nosso pessoal ao povo timorense e à sua coragem, em todos os subdistritos", disse.

"Nunca poderíamos ter cumprido a nossa missão sem o nosso pessoal timorense: foram eles que enfrentaram as maiores ameaças, durante a Consulta Popular e ainda mais depois da votação, quando foram alvo da violência que se seguiu", afirmou ainda.

Porém, disse, não foram as Nações Unidas que trouxeram a independência a Timor-Leste, cabendo à UNAMET implementar apenas "um processo de autodeterminação pelo qual tantos lutaram durante tanto tempo".

Uma luta vincada, recordou, no que foram as primeiras palavras que ouviu de Xanana Gusmão com quem se reuniu na casa-prisão em Jacarta: "Estamos à espera das Nações Unidas há 24 anos".

Durante a ocupação, relembrou, dentro e fora de Timor-Leste, vozes permanentes não deixaram que os Estados-membros das Nações Unidas esquecessem o direito à autodeterminação.

Timorenses "que se tornaram combatentes e aqueles que se tornaram diplomatas, dos que pertenciam ao movimento clandestino e dos estudantes, mulheres e homens, jovens e idosos -- que continuaram a luta sob uma liderança notável".

Martin, que representa nas cerimónias o secretário-geral das Nações Unidas, recordou o papel que António Guterres, então primeiro-ministro, desempenhou no apoio a Timor-Leste antes do referendo e em 1999.

E saudou dois funcionários das Nações Unidas que "contribuíram de forma notável para o papel da ONU em Timor-Leste e que podem ser homenageados pessoalmente", Francesc Vendrell, representante pessoal adjunto de Timor-Leste, em 1999, que trabalhou com o mais alto princípio para a vossa autodeterminação nas décadas anteriores; juntamente com o seu colaborador próximo Tamrat Samuel, que veio a Díli como observador da ONU para o julgamento de Xanana Gusmão em 1993, e serviu de testemunho para o mundo.

O homem que liderou a UNAMET, a missão que supervisionou o referendo de 30 de agosto de 1999, recordou figuras já desaparecidas e que estiveram ligadas a Timor-Leste, como o ex-secretário-geral, Kofi Annan, o seu representante pessoal Jamsheed Marker ou o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

"Vocês honraram e lamentaram a sua perda, um por um", disse Martin, que na quinta-feira participou numa homenagem aos 15 funcionários timorenses da ONU que foram mortos em 1999.

Vinte anos depois, Martin diz que regressa a um país "em paz e num espírito de amizade com os seus vizinhos", e que hoje recorda a luta pela independência.

"Espero que esta celebração ajude a que esse espírito seja entendido pelas gerações jovens demais para o terem experienciado diretamente, e que Timor-Leste independente tire proveito desse espírito quando enfrentar os seus desafios atuais e futuros", disse.

A sessão solene é um dos pontos altos das comemorações oficiais dos 20 anos do referendo.

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