"A presença chinesa em África é enquadrada em objetivos muito claros do ponto de vista económico, social e político", disse Carmen Mendes em entrevista à Lusa, apontando que "a China não se apresenta como guia, mas sim como parceiro, e fala de igual para igual".
Ao posicionar-se assim, "com este discurso muito igualitário, é um ator com cada vez maior relevância e que conquistou as elites africanos, e isso preocupa o Ocidente, em particular a União Europeia, que tem questionado como defender os interesses europeus em países africanos onde a presença da China é cada vez maior".
Em entrevista à Lusa, a também coordenadora do Curso 'A China e os Países de Língua Portuguesa na Economia Mundial' na Universidade de Coimbra apontou que os interesses chineses em investir no continente africano estão balizados em termos ecoómicos, sociais e políticos.
"Do ponto de vista económico, a China procura novos mercados para exportação dos produtos chineses, procura de recursos energéticos para alimentar a máquina da economia; do ponto de vista social [o investimento em África] tem sido uma maneira de escoar o excesso de mão de obra e o desemprego crescente da China, enviando os trabalhadores para África, onde circulam de umas obras para as outras, e do ponto de vista político há um grande objetivo, é aqui que angaria aliados no sistema internacional, conseguindo votos a favor dos seus interesses, e tem conseguido isolar Taiwan", explicou Carmen Mendes.