Salvini acusa ONG espanhola de usar resgates como "provocação política"
O ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, acusou hoje a organização não-governamental espanhola Open Arms de usar os resgates de migrantes no Mediterrâneo como "provocação política" e ameaçou apresar o navio se entrar num porto italiano.
© Reuters
Mundo Matteo Salvini
"A Open Arms está há seis dias no Mediterrâneo e agora ameaça entrar em Itália. Tinha tido tempo para chegar a Espanha, o país desta ONG, que lhe deu bandeira e onde alguns presidentes de câmara estão dispostos a acolhê-la", disse o também vice-primeiro-ministro italiano e líder da Liga (extrema-direita).
"Talvez apenas queiram fazer uma provocação política. Evidentemente a vida das pessoas a bordo não é a sua verdadeira prioridade, é transferir os ilegais a todo o custo para o nosso país", acrescentou, reafirmando a decisão de manter fechados os portos italianos aos navios de organizações não-governamentais (ONG), que acusa de favorecerem a imigração irregular, e assegurando que vai apresar o navio se este aportar na costa de Itália.
Um navio da Open Arms está desde a semana passada ao largo da ilha italiana de Lampedusa (sul) com 121 migrantes a bordo, resgatados do mar em duas operações distintas, à espera que lhe seja designado um porto onde possa desembarcar as pessoas, o que foi recusado por Itália e por Malta, os dois países mais próximos.
A cidade de Valência, no leste de Espanha, disse-se disposta a acolher os migrantes, mas precisa de autorização do Governo de Madrid, que em janeiro proibiu a Open Arms de retomar as buscas ativas de embarcações em perigo no Mediterrâneo central, justificando com o encerramento dos portos italianos às ONG e impondo multas elevadas, que podem atingir quase um milhão de euros.
A vice-presidente do executivo espanhol, Carmen Calvo, afastou hoje a possibilidade de pedir à União Europeia (UE) um acordo para o acolhimento das pessoas a bordo do Open Arms, frisando que Espanha "cumpre todas as obrigações de salvamento humanitário" e que todas as pessoas e entidades têm de cumprir as leis existentes.
"Espanha é o país europeu que todos os dias cumpre com as suas obrigações de salvamento humanitário, respeitando os direitos humanos e mantendo a segurança da fronteira da Europa", disse a governante.
"Há que cumprir as leis", prosseguiu. "Todos, Estados e pessoas, físicas ou jurídicas, têm de cumprir as leis".
Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), 39.289 migrantes e refugiados chegaram à Europa através do Mar Mediterrâneo entre 01 de janeiro e 04 de agosto de 2019, cerca de 34% menos que em igual período de 2018.
Daquele total, o maior número de pessoas chegou à Grécia (18.947), seguindo-se a Espanha (13.568), Itália (3.950), Malta (1.583) e Chipre (1.241).
No mesmo período, 840 pessoas morreram durante a travessia do Mediterrâneo, segundo a organização.
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