Argentina vai declarar Hezbollah como grupo terrorista a pedido dos EUA
O Presidente argentino, Mauricio Macri, vai declarar nos próximos dias o Hezbollah como grupo terrorista, confirmou quinta-feira a ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
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Mundo Terrorismo
A organização xiita pró-iraniana Hezbollah é acusada pela Justiça argentina de ser a responsável pelos atentados à Embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992, e à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994. Os dois atentados provocaram 115 mortos e mais de 300 feridos.
Macri pode assinar o decreto no próximo dia 18, quando passam 25 anos sobre a data do atentado contra a AMIA.
"Estamos a trabalhar para ter esse decreto pronto nos próximos dias", confirmou a ministra Bullrich, acrescentando que a Argentina "adere à listagem das Nações Unidas", mas que "vai somar aquelas organizações terroristas ou os seus braços armados que tiveram atividade na Argentina".
Assim, a Argentina terá um registo próprio de pessoas e de organizações vinculadas ao terrorismo e ao seu financiamento já que, na listagem da ONU pela qual se regem os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai), o Hezbollah não aparece como terrorista.
O registo próprio implicará um endurecimento político e financeiro para membros do Hezbollah em território argentino.
O decreto também acontece em sintonia com a visita do enviado de Donald Trump à Argentina, o secretário de Estado Mike Pompeo, que estará em Buenos Aires nos próximos dias 18 e 19 para participar numa conferência ministerial contra o terrorismo com a participação de outros ministros dos Negócios Estrangeiros.
Pompeo também tem a missão de estender ao Uruguai, Paraguai e Brasil o mesmo pedido de incluir o Hezbollah numa lista de terrorismo dentro do contexto de uma ofensiva contra o Irão.
Argentina, Paraguai e Brasil partilham uma tríplice fronteira famosa pelo contrabando e pelo tráfico.
Os Estados Unidos estão em pleno embate contra o Irão em matéria de enriquecimento de urânio para o programa nuclear iraniano. O Irão mantém fortes laços com o Hezbollah no Líbano.
A declaração do Hezbollah como grupo terrorista é um pedido de Israel e sobretudo dos Estados Unidos. Trump e Macri são amigos de longa data.
A administração Trump tem pedido à Argentina que, considerando os atentados em seu território, declare o Hezbollah como grupo terrorista, mas o governo argentino resistia a essa pressão, alegando a sua adesão à lista do Conselho de Segurança da ONU.
Trump tem sido um importante apoio para o Presidente Macri. Sem o aval de Trump, a Argentina não teria conseguido um acordo recorde com o Fundo Monetário Internacional por 57 mil milhões de dólares.
Em Buenos Aires, o enviado de Trump, Mike Pompeo, terá uma reunião com o Presidente Macri na qual manifestará o apoio dos Estados Unidos à reeleição de Macri nas eleições de outubro.
Em 2003, a Justiça argentina acusou o Irão de estar por trás do ataque terrorista contra a AMIA e apontou o Hezbollah como braço executor. Em 2006, o Estado argentino pediu à Interpol a captura de oito membros do governo iraniano pela suposta responsabilidade no atentado.
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