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As heranças de Tsipras após quatro anos no poder

A Grécia celebra no domingo eleições gerais e segundo as sondagens o eleitorado vai penalizar o Governo de esquerda de Alexis Tsipras por ter assinado um terceiro resgate e deixado por cumprir diversas promessas, apesar do início da recuperação económica.

As heranças de Tsipras após quatro anos no poder
Notícias ao Minuto

10:03 - 05/07/19 por Lusa

Mundo Grécia

A redução do desemprego, o acordo sobre a Macedónia, a legalização do canábis ou dos direitos das minorias, sem esquecer o mortífero incêndio do verão de 2018 foram alguns dos momentos cruciais de um dos mais longos governos gregos e dirigido por um partido proveniente da esquerda radical.

+++ Da crise à recuperação +++

Após ter admitido o incumprimento do pagamento aos credores e a saída da Grécia da zona euro, Tsipras acabou por se submeter às diretivas das instituições internacionais [Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia], contrariando a decisão do referendo de 05 de julho de 2015.

Em 2017, o crescimento ultrapassou a linha verde, o país regressou aos mercados, as exportações e os investimentos privados aumentaram e o turismo regista recordes.

O desemprego, situado nos 26% quando chegou ao poder, passou para 18%, (ainda ronda os 40% aos que têm menos de 25 anos), mas mantém-se o mais elevado da zona euro. O salário mínimo aumentou 11%, para 650 euros. Apesar da saída oficial da tutela FMI-BCE-Comissão Europeia em agosto de 2018, Atenas vai permanecer sob vigilância durante várias décadas. A dívida pública de 180% do PIB permanece um enorme fardo, e a zona euro opôs-se à sua reestruturação proposta pelo FMI.

+++ Acordo sobre a Macedónia do Norte +++

Na cena internacional, um dos maiores sucessos de Tsipras foi ter encontrado um acordo ao contencioso diplomático de 27 anos com a vizinha república balcânica.

Em junho de 2018 Tsipras e o seu homólogo de Skopje, Zoran Zaev, assinam o acordo de Prespa que passa a designar a pequena república de Macedónia do Norte, apesar da oposição dos conservadores gregos e da pressão de Moscovo. O novo nome abre caminho à adesão do país à UE, e distingue-o da região grega da Macedónia. Os dois dirigentes estão nomeados para o Nobel da paz 2019.

+++ Direitos das minorias +++

O mais jovem primeiro-ministro da história da Grécia desde a segunda metade do século XIX permitiu aos casais homossexuais a assinatura de um pacto civil e pretendia permitir-lhes o acesso ao casamento civil.

Também permitiu às crianças de imigrantes nascidas na Grécia o acesso à nacionalidade grega, às pessoas transgénicas de determinarem o seu sexo nos documentos oficiais e aprovou no parlamento uma disposição que autorizada a adoção de crianças por casais homossexuais.

+++ Legalização do canábis +++

À semelhança de outros países europeus, a utilização do canábis foi legalizada para fins terapêuticos, e a sua cultura autorizada.

+++ As relações Igreja-Estado +++

O debate foi iniciado, mas permanece inacabado. O único primeiro-ministro assumidamente ateu tentou progredir na separação do Estado grego e da poderosa Igreja ortodoxa da Grécia.

O seu projeto de revisão constitucional destinado a decretar a "neutralidade religiosa" do Estado grego, e quando o atual texto estabelece que a Ortodoxia é a "religião dominante", ainda não foi aprovado.

+++ Incêndio e grandes inundações +++

O incêndio de Mati, perto de Atenas, que provocou 101 mortos em julho de 2018, foi um sério golpe no Governo de Tsipras. Oito meses antes, inundações em Mandra provocavam 23 mortos.

O Governo atribuiu estas catástrofes às más condições climáticas, mas os serviços públicos foram acusados de importantes atrasos e decorrem inquéritos judiciais contra eleitos locais e funcionários.

+++ Abertura à esquerda +++

Líder do Syriza, conotado com a esquerda radical, Tsipras aliou-se a um partido da direita soberanista para estabilizar a sua maioria em 2015, em particular após a cisão de elementos mais radicais descontentes com o compromisso assinado com os credores.

Protagonizou uma abertura ao centro-esquerda, ao propor uma "aliança progressista" após o fim da coligação governamental devido ao nome da Macedónia do Norte.

Na quarta-feira, reta final da campanha, Tsipras anunciou a cooperação eleitoral do seu partido com os Ecologistas Verdes durante uma reunião comum em Atenas. E definiu a iniciativa não como uma manobra tática "mas uma aliança de tipo estratégico que deve ser estabelecida na Europa e em todo o mundo".

Tsipras já reconheceu que diversas decisões políticas colidiram com as expectativas da população, para além do cansaço acumulado por diversos anos sob a tutela dos credores.

Apesar das indicações das sondagens, Tsipras considera possível reverter o resultado e tem assinalado que os gregos "não podem esquecer quem provocou a crise, quem não soube conduzi-la e destroçou a economia e a sociedade, e quem tirou o país do atoleiro e da humilhação".

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