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Exército pede que manifestantes retomem negociações sem condições prévias

O Conselho Militar de Transição apelou hoje aos líderes da oposição para retomarem as negociações sem "condições prévias", numa tentativa de reestabelecer as conversações interrompidas após uma manobra de dispersão dos manifestantes que matou pelo menos 128 pessoas.

Exército pede que manifestantes retomem negociações sem condições prévias
Notícias ao Minuto

19:40 - 19/06/19 por Lusa

Mundo Sudão

O líder do Conselho Militar de Transição, Abdel-Fattah Burhan, defendeu que o conselho não tem condições prévias para regressar à mesa de negociações e, por isso, as Forças de Declaração de Liberdade e Mudança (FDLM), organização que representa os manifestantes, também não as deveria ter.

"Repito o nosso convite a todas as forças políticas e às FDLM para que entrem [nas conversas], e que não há necessidade para condições prévias (...) nós não negamos o seu papel na insurreição e na revolta popular (...), mas a solução deve satisfazer todas as fações sudanesas", referiu o general, em Cartum.

Os líderes da revolução popular ainda não comentaram estas declarações da chefia militar que governa o país desde a destituição, em abril, do ex-Presidente sudanês, Omar al-Bashir.

No domingo, Ahmed Rabie, porta-voz da Associação dos Profissionais Sudaneses, movimento que encabeçou os protestos contra al-Bashir, afirmou querer manter as exigências quanto à realização de uma investigação internacional, o restabelecimento do acesso à internet e a remoção de militares e milícias das cidades para retomar as negociações.

O Conselho Militar rejeita a realização de uma investigação internacional, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, país que aceitou mediar as negociações, referiu que as chefias militares estavam dispostas a aceitar os acordos anteriores.

As conversações entre Conselho Militar de Transição e manifestantes atingiram um ponto de rutura com as operações de repressão no dia 03 de junho por parte dos militares.

De acordo com os líderes dos protestos, pelo menos 128 pessoas morreram desde esse dia, enquanto as autoridades apoiadas pelos militares contabilizam 61 mortos, dos quais três pertenciam a forças de segurança.

No dia 13 de junho, o Conselho Militar de Transição reconheceu o recurso à violência nos movimentos de dispersão dos protestos junto do quartel-general do Exército, na semana passada.

Numa conferência de imprensa em Cartum, o porta-voz do Conselho Militar, o general Shams Eddin Kabashi, afirmou aos jornalistas que os acontecimentos estavam a ser investigados e que vários oficiais do Exército foram detidos por um alegado "desvio" do plano de ação delineado pelos líderes militares.

Na quarta-feira, um painel de especialistas das Nações Unidas mostrou-se também preocupado com o Sudão, que dizem estar a entrar num "abismo de direitos humanos", após a ação abusiva de alguns membros das Forças Armadas.

Os peritos, nomeados pelo Conselho das Nações Unidas para os Direitos Humanos, apelaram para a realização de uma investigação independente às violações dos direitos dos manifestantes pacíficos no Sudão.

O Sudão vive desde dezembro uma revolução popular sem precedentes que conduziu à deposição, em abril, do Presidente, Omar al-Bashir, substituído por um Conselho Militar de Transição.

Apesar da mudança, os manifestantes continuaram nas ruas, reclamando uma transferência de poder para os civis, enquanto decorriam negociações.

As negociações entre os movimentos de contestação e o Conselho Militar fracassaram em 20 de maio, com as duas partes a quererem assumir a liderança do período de transição de três anos.

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