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Líderes afegãos iniciam discussão sobre acordo de paz EUA/talibãs
Mais de 3.000 líderes políticos, religiosos e da sociedade civil afegã iniciam hoje em Cabul uma "loya jirga", ou grande assembleia, para discutir o acordo de paz com os talibãs proposto pelos Estados Unidos.
© iStock
Mundo Negociações
O evento, considerado o maior na história moderna do Afeganistão, foi convocado a propósito da discussão dos Estados Unidos e dos talibãs sobre uma possível retirada das tropas norte-americanas em troca de um cessar-fogo e outras cedências da parte dos rebeldes.
"Queremos definir as grandes linhas de negociações com os talibãs", explicou o Presidente afegão, Ashraf Ghani, na abertura da reunião.
"Queremos sugestões claras da vossa parte", acrescentou.
As 'loya jirga' -- 'grande assembleia' em língua afegã - existem há vários séculos e são convocadas periodicamente para obter consensos sobre as grandes questões políticas.
Nas negociações dos Estados Unidos com os talibãs as autoridades afegãs são qualificadas como "marionetas" de Washington pelos rebeldes, que, até ao momento, ficaram fora das conversações.
O Governo de Ashraf Ghani espera que a 'loya jirga' defina as condições de Cabul para o acordo, nomeadamente a manutenção da Constituição e a proteção dos direitos das mulheres, da comunicação social e da liberdade de expressão.
Ghani convidou os talibãs para a grande assembleia, mas estes -- que mantêm uma guerrilha implacável contra o Governo desde 2001 -- recusaram participar.
Numa declaração feita na semana passada, os talibãs avisaram que qualquer decisão ou resolução tomada na "loya jorga" não será "nunca aceitável para os verdadeiros e devotos filhos da pátria".
A assembleia está a decorrer sob segurança apertada, estando uma grande parte de Cabul fechada e o acesso às colinas em volta da capital bloqueado.
Todos os dias desta semana foram declarados feriados pelas autoridades para proteger o evento, que deverá durar quatro dias.
Em 2011, os talibãs dispararam foguetes sobre a tenda que abrigava a "loya jirga", abrindo um precedente que se receia possa ser repetido.
A última 'loya jirga' aconteceu em 2013, quando os participantes aprovaram um acordo de segurança para permitir às tropas americanas manterem-se no Afeganistão depois da sua retirada prevista para 2014.
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