Líbia: Comunidade internacional abandona "milhares" de migrantes
A organização humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje a comunidade internacional pelo abandono de "milhares" de migrantes irregulares retidos nas zonas de conflito no sul de Tripoli, capital da Líbia.
© Reuters
Mundo MSF
Em comunicado, a organização não-governamental (ONG) deu como exemplo o ataque da semana passada no centro de detenção de Qasr bin Gashir, a sul de Tripoli, onde estavam cerca de 700 homens, mulheres e crianças.
"Dizer que estamos indignados é muito pouco. Nada justifica um assalto violento contra pessoas totalmente vulneráveis, que estão presas e retidas numa zona de conflito", defendeu a responsável de Emergências da MSF, Karine Kleijer.
"A simples condenação da violência exercida contra migrantes e refugiados não serve para nada", referiu Kleijer, citada em comunicado, acrescentando ser "necessário que a comunidade internacional faça algo para levar os milhares de retidos para um lugar seguro".
A responsável defendeu que "há que culpar a comunidade internacional pela sua total e absoluta falta de ação. A MSF exige de novo a imediata evacuação dos retidos para fora do país" pois, caso contrário, "correm o risco de serem envolvidos em mais ataques e tiroteios".
"Entre quarta e quinta-feira houve várias operações de transferência dos que se encontravam em Qasr Bin Gashir para outro centro de detenção, o de Zawiya", situado a oeste da capital líbia, lê-se no comunicado.
"A MSF não teve oportunidade de cuidar dos feridos no assalto mas, na quarta-feira, as nossas equipas resgataram 30 pessoas, incluindo 12 crianças, enquanto outras organizações humanitárias organizaram evacuações para o resto dos retidos", afirmou a ONG.
A organização apelou ainda "às partes em conflito para que respeitem o Direito Internacional Humanitário e façam os possíveis para assegurar a proteção de infraestruturas civis e da população".
A MSF pede ainda que permitam que "as organizações humanitárias possam prestar assistência médica essencial a todas as pessoas que dela necessitem".
Os conflitos em Tripoli, que eclodiram no passado 04 de abril, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitava a capital, decorrem entre o Governo, reconhecido internacionalmente em 2016, e o marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste da Líbia.
Desde o início dos combates, pelo menos 270 pessoas morreram e cerca de 1.200 ficaram feridas.
Na semana passada, o chefe do Governo de Tripoli, Fayez al Serraj, queixou-se da posição de países como os Estados Unidos e a Rússia, que evitaram a condenação de Haftar, bem como da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito, que o apoiam.
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