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Netanyahu reforça imagem de "senhor segurança e de relações externas"

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apostou na frente externa num último impulso à sua campanha para as legislativas de terça-feira, ao promover uma maratona diplomática e de segurança para demonstrar a sua "capacidade exclusiva" nesta área decisiva.

Netanyahu reforça imagem de "senhor segurança e de relações externas"
Notícias ao Minuto

09:24 - 07/04/19 por Lusa

Mundo Campanha

Na quinta-feira, a cinco dias das eleições que vão eleger os 120 deputados do Knesset (parlamento), Netanyahu deslocou-se a Moscovo para se reunir com o Presidente russo Vladimir Putin, abordar a situação regional, em particular a situação na Síria, e colocar ênfase no setor da segurança, um dos seus pontos fortes que lhe mereceu a designação de "senhor segurança".

Esta viagem culminou uma longa série de encontros locais e internacionais que preencheram a sua agenda eleitoral, onde tentou demarcar-se dos assuntos controversos que podem prejudicar a campanha, em particular os casos de corrupção investigados pela Procuradoria, o conflito com os palestinianos ou a situação em Gaza.

Desde março de 2018, e na sequência das mobilizações semanais do movimento da Marcha do Regresso, e apenas na Faixa de Gaza, foram mortos pelas forças israelitas mais de 200 palestinianos, incluindo 42 crianças, e feridos cerca de 20.000.

Nesta perspetiva, as eleições de terça-feira vão continuar a implicar consequências diretas na vida dos palestinianos de Gaza e ainda da Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel e onde só no mês de março foram mortos dez palestinianos.

Na Cisjordânia, independentemente do vencedor das eleições israelitas, permanece a consciência de que a ocupação não vai terminar, e aumentam os receios sobre uma anexação total das terras palestinianas.

Outra das principais preocupações é o receio de se ver ampliado o discurso do ódio contra os palestinianos -- divididos entre os apoiantes do Hamas, que controla Gaza, e da Autoridade Palestiniana -- e quando as negociações de paz permanecem bloqueadas desde 2014.

Na liderança de um governo considerado como o mais à direita da história de Israel, Benjamin Netanyahu distanciou-se da designada solução de "dois Estados" -- a formação de um Estado palestiniano ao lado de Israel -- como tem sido defendido pelas instâncias internacionais.

Diversos membros da sua coligação rejeitam totalmente essa perspetiva, procuram estender os colonatos e defendem a anexação de vastas partes da Cisjordânia.

Nesta sua campanha, o líder israelita contou com a decisiva contribuição da administração norte-americana de Donald Trump, que interrompeu o fornecimento de centenas de milhões de dólares de ajuda aos palestinianos e reconheceu Jerusalém como capital do Estado judaico.

Em paralelo, o plano de paz há muito prometido, e que a Casa Branca diz que será revelado após as eleições israelitas de terça-feira, enfrenta poucas perspetivas, e caso seja tornado público.

Na sua visita a Israel em março, o secretário de Estado dos EUA, Marco Pompeo, passeou com Netanyahu pelo Muro das Lamentações (no território palestiniano ocupado de Jerusalém leste) e sublinhou a excelente sintonia entre os dois países e o compromisso norte-americano com a segurança de Israel.

De seguida, Netanyahu foi recebido em Washington a convite de Trump que, num gesto interpretado com um apoio inequívoco, reconheceu a soberania israelita sobre os Montes Golã, ocupados à Síria desde 1967, correspondendo aos repetidos apelos do líder do Governo judaico.

A viagem foi interrompida pela brusca escalada de tensão em Gaza provocada pelo lançamento de um projétil das milícias palestinianas contra Israel, que forçou Netanyahu a cancelar o seu discurso perante o AIPAC (American Israel Public Affairs Committee), o poderoso lóbi judaico -- muito influente no Congresso e nas administrações da Casa Branca --, e que acabou por ser efetuado através de videoconferência quando regressou a Israel.

Nos Estados Unidos também garantiu o compromisso do Presidente das Honduras, Juan Orlando Hernández, de abrir uma delegação comercial em Jerusalém "como extensão da embaixada hondurenha na cidade de Telavive", como anunciou na sessão da AIPAC.

Uma promessa que repetiu no decurso da recente deslocação a Israel do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que voltou a confirmar o apoio incondicional a Netanyahu, e ainda a abertura de um gabinete comercial na "cidade santa", mesmo que não tenha confirmado o compromisso eleitoral de transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, como sucedeu com os EUA e Guatemala.

Entre outros acontecimentos simbólicos em tempos de campanha, também se incluiu a inauguração da embaixada israelita no Ruanda e o discurso ao país na quarta-feira, para anunciar o repatriamento do corpo de um soldado israelita morto na invasão do Líbano em 1982.

O regresso dos despojos, um princípio seguido com particular emoção no país, contou com o apoio de Moscovo, dando a Netanyahu mais uma oportunidade de se projetar como o "senhor segurança" e o "senhor relações externas" sem rival na política israelita.

No entanto, a liderança israelita também ensaiou uma aproximação com as forças nacionalistas e da extrema-direita europeias conhecidas pelo seu discurso islamófobo.

Assim, em 10 de dezembro de 2010, mais de um ano e meio após o regresso de Netanyahu ao poder, uma delegação que incluía 30 dirigentes de partidos europeus de extrema-direita foi, pela primeira vez, recebida em Telavive, para participarem num colóquio organizado pela ala direita do partido Likud, chefiado por Netanyahu, sobre o "combate ao terrorismo".

A aproximação às forças mais extremistas continuou a caracterizar as opções políticas de Netanyyahu, como a recente tentativa de acordo eleitoral entre o líder israelita e o partido de extrema-direita e anti-árabe Otzma Yehudit, mas que acabou por fracassar.

Mas as principais opções estratégicas de Israel, em particular a aliança decisiva com os Estados Unidos, nunca serão postas em causa, para além dos resultados eleitorais.

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