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Mobilização de risco em Gaza assinala no sábado um ano de protestos

Os palestinianos de Gaza foram chamados a manifestarem-se em massa no sábado ao longo da barreira que separa o enclave de Israel, numa concentração que assinala um ano dos protestos da "grande marcha do retorno".

Mobilização de risco em Gaza assinala no sábado um ano de protestos
Notícias ao Minuto

08:40 - 29/03/19 por Lusa

Mundo Concentração

Os protestos iniciados a 30 de março de 2018 são oficialmente organizados pela sociedade civil, mas contam com o apoio do movimento radical palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Os palestinianos exigem o direito a regressar às terras que abandonaram ou de onde foram expulsos aquando da criação do Estado de Israel em 1948 e contestam o rígido bloqueio israelita ao enclave com mais de 10 anos.

Pelo menos 258 palestinianos foram mortos por tiros israelitas no último ano, a grande maioria durante as manifestações junto à barreira de segurança na qual milhares participam semana após semana.

Outros foram vítimas de ataques aéreos israelitas em represália aos atos de agressão com origem em Gaza.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), "cerca de 40 crianças foram mortas durante as manifestações" e à volta de "3.000 pessoas foram hospitalizadas por ferimentos, muitos dos quais provocaram situações de invalidez para toda a vida".

Todas as semanas, uma parte dos manifestantes palestinianos afasta-se da multidão para se aproximar da barreira, queimam pneus para dificultar a visibilidade dos atiradores israelitas colocados do outro lado, lançam engenhos incendiários na direção dos soldados, tentam danificar a barreira e expõem-se às balas.

Apesar do perigo, muitos dos que se manifestam em Gaza consideram não ter muito a perder. A pobreza afeta um em cada dois habitantes do enclave e sete jovens em 10 estão desempregados.

Os balões com dispositivos incendiários lançados em direção a Israel já queimaram milhares de hectares de terras israelitas. Dois soldados morreram no mesmo período.

Um dos dias mais sangrentos foi o de 14 de maio de 2018, quando pelo menos 62 palestinianos foram mortos durante o protesto e centenas ficaram feridos. Nas televisões do mundo inteiro as imagens da violência em Gaza alternaram com as da inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.

Israel justifica o bloqueio à Faixa de Gaza com a necessidade de conter o Hamas, que classifica de terrorista e com o qual já se envolveu em três guerras desde 2008, excluindo o "direito de retorno" dos palestinianos por considerar que significaria o fim do Estado hebreu.

Quanto à utilização de balas reais na repressão dos protestos junto à barreira em Gaza e às acusações de uso excessivo da força por parte de organizações de defesa dos direitos humanos, Israel responde que não faz mais que defender a sua fronteira e proteger os seus cidadãos e acusa o Hamas de orquestrar as manifestações.

No mês passado, uma comissão de inquérito da ONU afirmou que a resposta israelita às manifestações pode constituir crime de guerra ou crime contra a humanidade, sublinhando os investigadores que soldados visaram civis palestinianos, incluíndo crianças.

Israel rejeitou o relatório da comissão considerando-o "hostil, mentiroso e parcial".

A mobilização no sábado promete ser considerável, os organizadores apelaram à paralisação de qualquer atividade e o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, falou da "manifestação de um milhão" de pessoas. A Faixa é habitada por cerca de dois milhões de palestinianos.

Do lado de lá da barreira com vários metros de altura, o exército israelita prepara-se para um possível confronto.

O aniversário da "grande marcha do retorno" acontece em mais uma altura de tensão. Desde o início da semana foram disparadas por diversas vezes granadas de morteiro de Gaza contra Israel e o Estado hebreu atacou em represália dezenas de alvos no enclave.

A calma regressou entretanto, precária, e a aproximação das legislativas em Israel a 09 de abril faz aumentar o ambiente de incerteza.

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