WWF acusada de financiar guardas que mataram caçadores furtivos
A organização não-governamental de ambiente (ONGA) WWF financiou guardas florestais e grupos paramilitares que torturaram e mataram pessoas alegadamente envolvidas em atividades de caça furtiva, segundo uma investigação do jornal digital Buzzfeed.
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Mundo Tortura
A World Wide Wide Fund for Nature (WWF) já reagiu à notícia anunciando que vai abrir um inquérito interno para apurar o que aconteceu.
Uma das testemunhas ouvidas pelos repórteres do Buzzfeed, a nepalesa Hira Chaudhary, conta que foi à cadeia ver o marido, Shikharam, um agricultor que estava preso há dois dias e que este se queixou de que ter sido espancado e obrigado a ingerir água salgada através do nariz e da boca, e tinha o corpo coberto de cicatrizes.
Os guardas do Parque Nacional de Chitwan, no Nepal, acreditavam que o agricultor tinha ajudado o filho a enterrar um corno de rinoceronte no quintal e, apesar de o despojo nunca ter sido encontrado, prenderam Shikharam, que faleceu nove dias mais tarde.
Os guardas do parque foram presos e acusados de homicídio e o caso trouxe a WWF, que ajudava a financiar e equipava os funcionários do Chitwan, para debaixo dos holofotes.
Segundo o Buzzfeed, a equipa local do WWF exerceu pressão para que o caso fosse arquivado e declarou-o como uma vitória contra a caça furtiva, continuando a trabalhar com os guardas e com o parque e contratando mais tarde um dos trabalhadores acusados.
Este incidente, ocorrido em 2006, não foi um caso isolado, acrescenta o Buzzfeed, salientando que a WWF financia equipas e trabalha diretamente com forças paramilitares, nos parques nacionais de Ásia e África, que têm sido acusadas de espancar, torturar, assassinar e abusar sexualmente de inúmeras pessoas.
A família de um rapaz camaronês de 11 anos contou aos repórteres que a criança foi torturada, em 2017, em frente aos seus pais e apesar de a aldeia ter apresentado queixa à WWF, meses depois ainda não tinham recebido qualquer resposta.
Através da sua página na internet, a WWF respondeu às alegações afirmando que abriu um inquérito interno para analisar os casos relatados pelo Buzzfeed e pediu ao jornal para partilhar todas as provas que tenham obtido para sustentar as acusações.
A ONGA afirma ainda que o seu trabalho depende do envolvimento e apoio das comunidades locais e que as suas políticas são concebidas para "salvaguardar os direitos e bem-estar dos povos indígenas e das comunidades locais" onde está implantada.
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