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"Temos de criar no Brasil uma frente ampla de defesa da democracia"

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) brasileiro, Guilherme Boulos, invocou hoje a atual solução política portuguesa para defender a criação de uma "frente ampla de defesa da democracia" no seu país.

"Temos de criar no Brasil uma frente ampla de defesa da democracia"
Notícias ao Minuto

19:47 - 15/12/18 por Lusa

Mundo Guilhermo Boulos

Numa sessão pública em Lisboa organizada pelo Bloco de Esquerda, Guilherme Boulos alertou para as intenções do futuro presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, de "criminalizar movimentos sociais" como o que lidera e o dos Sem Terra e defendeu uma resposta unida.

"A experiência portuguesa ensina-nos que é possível manter a autonomia, respeitar a diversidade e ao mesmo tempo estarmos junto no fundamental para derrotar a direita e a extrema-direita (...) A nossa tarefa no Brasil é criar uma frente ampla de defesa da democracia e da liberdade dos nossos povos", afirmou.

Boulos sublinhou que, antes de ser eleito, Bolsonaro apontou como caminho para os opositores "a cadeia ou o exílio", mas garantiu que a terceira opção será o combate nas ruas, "num processo de resistência legítimo e democrático".

"Temos todas as razões para estar preocupados com o futuro da democracia brasileira", alertou.

Em declarações à Lusa, à margem da sessão, Guilherme Boulos explicou que o objetivo da sua visita a Lisboa e Porto (também esteve em Estrasburgo no Parlamento Europeu) é criar "uma rede de solidariedade" para com o povo brasileiro, que fique atenta à violação de direitos humanas e a ameaças à democracia a partir de 1 de janeiro, data da posse de Bolsonaro

"Estamos a propor a visita de um conjunto de partidos, intelectuais, organizações sociais europeias ao Brasil no início de fevereiro para fazer uma mesa com movimentos sociais e lideranças de oposição para que possam, 'in loco', compreender a situação preocupante do Brasil nesse momento", afirmou.

Questionado pela Lusa se a vitória de Bolsonaro poderá prejudicar as relações do Brasil com Portugal e com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Guilherme Boulos disse acreditar que terá um impacto negativo.

"Bolsonaro já anunciou, assim como o seu ministro das Relações Exteriores, que a sua relação prioritária, eu diria de subordinação, será com os Estados Unidos, preterindo os próprios países latino-americanos, o Mercosul, a União Europeia, os países lusófonos", apontou.

Na opinião do ativista social, a presidência de Bolsonaro não irá dar prioridade a instrumentos multilaterais como a CPLP, o Mercosul ou mesmo o bloco de mercados emergentes, os Brics, que tem sido uma aposta do Brasil.

"A política externa brasileira vai ser conduzida por alguém que diz que o aquecimento global é uma invenção de marxistas, não está apto para representar os interesses do Brasil no mundo", criticou, referindo-se ao diploma Ernesto Araújo.

"Tememos também que as relações com Portugal não sejam tratadas de maneira adequada por esse governo", acrescentou.

Na sessão pública em Lisboa, a coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou que "a democracia está em perigo no Brasil" e prometeu apoio aos movimentos sociais contra a sua criminalização.

Antes, a eurodeputada Marisa Matias fez o paralelismo entre o que se passa no Brasil e na Europa.

"Assistimos à forma como as políticas de austeridade abriram a porta ao medo, ao ódio, como há forças políticas e movimentos que querem aproveitar-se desse medo e da insegurança das pessoas para promover a xenofobia, o racismo e um ataque profundo à democracia", alertou, acusando os governos europeus de "assobiarem para o lado".

A sessão contou ainda com intervenções da deputada do BE Joana Mortágua, da presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, e da ativista brasileira Dríade Aguiar, fundadora do movimento Mídia Ninja.

Na assistência, entre várias dezenas de pessoas, marcou presença o antigo coordenador do Bloco Francisco Louçã.

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