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Falta tratado de paz e desnuclearização para esperança nas Coreias

O diálogo e a aproximação entre as duas Coreias lançaram um clima de esperança na península em 2018, mas a paz continua a depender da desnuclearização e de consequentes gestos da comunidade internacional, sobretudo dos Estados Unidos.

Falta tratado de paz e desnuclearização para esperança nas Coreias
Notícias ao Minuto

13:37 - 15/12/18 por Lusa

Mundo 2018

Em 2018, Seul e Pyongyang deram passos sem precedentes em direção à paz, mas ainda não foi desta que puseram fim a quase sete décadas de guerra. Duas cimeiras, em abril e setembro, reuniões de famílias separadas pela guerra, uma candidatura conjunta aos Jogos Olímpicos e até um plano para restabelecer as ligações ferroviárias entre o Norte e o Sul.

O tratado de paz, exigido pelo líder norte-coreano para dar início à desnuclearização, continua a depender do 'sinal verde' dos Estados Unidos, país do qual Pyongyang espera também "medidas proporcionais" para avançar com o processo.

Sobre a Coreia do Norte continua a pesar um forte regime de sanções económicas, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU e que tem estrangulado a economia norte-coreana.

Peça fundamental nas negociações, os Estados Unidos, assim como o resto do mundo, assistiram expectantes à histórica cimeira realizada em 12 junho entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, onde um documento assinado por ambos reafirmou o compromisso da "desnuclearização completa da península da Coreia".

O primeiro passo já tinha sido dado em abril, a poucos dias do primeiro encontro entre dirigentes das duas Coreias em mais de uma década, quando o Norte anunciou a suspensão dos testes nucleares e o lançamento de mísseis de longo alcance.

Em 27 de abril, Kim Jong-un e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, apertaram as mãos naquele que foi apenas o terceiro encontro entre dirigentes dos dois países desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. O primeiro aconteceu em 2000, o segundo em 2008.

"Uma história nova começa agora, estamos no ponto de partida de uma histórica nova era de paz", escreveu o líder norte-coreano no livro de honra, na zona desmilitarizada que marca a fronteira entre os dois países, onde decorreu a cimeira.

Acabar com a guerra "de modo permanente", e se possível, até ao final do ano, acabara de se tornar um objetivo comum. Os dois países admitiram colaborar com os Estados Unidos, e talvez com a China, ambos signatários do cessar-fogo, há 65 anos, para "finalmente estabelecerem um regime de paz permanente e sólido", indicava o comunicado conjunto.

Na mesma ocasião, Kim sugeriu encerrar o único complexo conhecido de ensaios nucleares, Punggye-ri, uma instalação secreta perto da fronteira com a China.

A Guerra da Coreia (1950-53), que teve como pano de fundo a disputa geopolítica entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz, pelo que os dois países continuam tecnicamente em guerra.

Após dois anos de alta tensão, motivada pelos programas nucleares e balísticos de Pyongyang, o clima de reconciliação entre os dois rivais teve início em fevereiro, com a participação de uma delegação unificada nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em PyeongChang, na Coreia do Sul.

A representar o Norte esteve a irmã do líder, Kim Yo-jong, o primeiro elemento da família Kim a visitar o Sul e a responsável por convidar Moon Jae-in a participar na cimeira histórica com Kim Jong-un, que acabou por se realizar passados dois meses.

Entre abril e setembro, foram vários os sinais de aproximação entre as Coreias, que voltaram a partilhar o mesmo fuso horário e permitiram o emocionante encontro, em agosto, de centenas de famílias separadas pela guerra. Em julho, Pyongyang já começara a desmantelar uma estação de lançamento de mísseis.

Washington, por seu lado, dava a entender que precisava de mais garantias, como a entrada de inspetores no país ou a divulgação dos inventários de armas, antes de começar a elaborar um acordo de paz e de anunciar o fim das sanções contra o regime.

Foi este, na verdade, o pano de fundo para a realização de uma segunda cimeira intercoreana, a 18 de setembro, desta vez na capital do Norte: tentar desbloquear o diálogo entre o regime de Kim Jong-un e os Estados Unidos.

O "Norte tem vontade de efetuar a desnuclearização e desfazer-se das suas armas nucleares (...) e os EUA têm vontade de pôr fim às relações hostis (...) e de dar garantias de segurança", declarou Moon, antes da reunião, enquanto Washington lembrava que a desnuclearização tem de ser "definitiva e inteiramente verificada".

Durante a cimeira, que durou três dias, Pyongyang comprometeu-se a tomar medidas para o encerramento da central norte-coreana de Yongbyon, considerada o centro do programa nuclear, tal como tinha sido decidido em Singapura, com Trump, mas exigiu dos EUA "medidas proporcionais".

Moon proferiu um raro discurso perante os norte-coreanos e Kim ainda admitiu esperar "visitar Seul num futuro próximo", numa deslocação inédita e que chegou a estar prevista ainda para este ano.

Desde então, a Coreia do Norte destruiu alguns dos postos de controlo fronteiriços e retirou mais de 600 minas antipessoais na fronteira com a Coreia do Sul.

As duas Coreias iniciaram inspeções conjuntas em linhas ferroviárias do Norte, que esperam que um dia venha a ter ligação com o Sul, e confirmaram que vão mesmo apresentar uma candidatura conjunta para organização dos Jogos Olímpicos de 2032.

No entanto, Seul já considerou ser "muito difícil" uma visita de Kim Jong-un, antes do final do ano, ao Sul, pelo que a assinatura de um tratado de paz e a desnuclearização da península continuam por concretizar.

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