China lança alerta à economia e chama a Bolsonaro "Trump Tropical"
A China avisou o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, de que se seguir a linha de Trump e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira.
© Reuters
Mundo Tensão
Foi através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, numa versão em inglês, que a China se pronunciou acerca da eleição de Jair Bolsoanro, a quem chamou de "Trump Tropical", deixando evidente a reação que o político já criou em Pequim.
De acordo com o editorial, as exportações brasileiras "não ajudaram apenas a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil".
Para os chineses, as críticas a Pequim "podem servir para algum objetivo político específico", mas "o custo económico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair da sua pior recessão da história", pode ler-se no texto publicado no jornal que serve de porta-voz do governo chinês para o mundo, e é usado para mandar mensagens a parceiros.
"Afinal, Bolsonaro é retratado por alguns como um 'Trump Tropical', um político de direita que não apenas endossa a agenda nacionalista do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como pode realmente copiar uma página do seu guia. Ele prometeu evitar instituições internacionais multilaterais em favor de acordos bilaterais e prometeu transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém", afirmaram os chineses.
Bolsonaro, ao longo de toda a sua campanha presidencial, criticou a China. Em fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que não agradou a Pequim.
Sabendo da forte probabilidade de Bolsonaro ser um concorrente de peso para a Presidência, a embaixada chinesa enviou uma carta de protesto na qual expressou a sua "profunda preocupação e indignação" e alertou que a visita era uma "afronta à soberania e integridade territorial da China" e que iria "causar eventuais turbulências na Parceria Estratégica Global China-Brasil, na qual o intercâmbio partidário exerce um papel imprescindível".
"Além disso, ele (Bolsonaro) mostrou-se menos que amistoso em relação à China durante a campanha. Ele apresentou a China como um predador buscando dominar setores-chave da economia brasileira", destacou ainda o editorial.
"Não é uma surpresa, portanto, que as pessoas se questionem se Bolsonaro irá, como o Presidente norte-americano fez, dar um golpe substancial à relação mutuamente benéfica Brasil-China", acrescentou.
O editorial do jornal chinês deixou ainda uma chamada de atenção para a importância da China na economia brasileira: "Ainda assim, esperamos que quando ele assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro olhe de forma racional e objetiva para o estado das relações Brasil-China (...) a China é o seu maior mercado exportador e a primeira fonte comercial", escreveu o jornal.
"Mais importante: as duas economias são complementares e dificilmente competidores", pode ler-se.
O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita), Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, que teve 44,9% dos votos.
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