Governo birmanês procura acordo de paz com minorias em conferência
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi e o comandante militar do país deram hoje início a uma conferência com representantes de minorias étnicas para alcançar um acordo de paz duradouro, após sete décadas de conflitos armados.
© Reuters
Mundo Naypyidaw
A terceira sessão da Conferência Panglong do século 21 deverá prolongar-se por cinco dias e segue-se aos encontros realizados em agosto de 2016 e em maio de 2017.
As duas anteriores sessões fracassaram na obtenção de um entendimento entre o Governo, os militares e os rebeldes étnicos.
Desde 2015 que o Governo birmanês promoveu um acordo de cessar-fogo, assinado por vários grupos étnicos minoritários.
Contudo, alguns dos principais grupos rebeldes, especialmente no norte do país, recusam comprometer-se enquanto os termos do acordo não forem conhecidos.
O evento toma o nome da conferência original, em 1947, promovida pelo pai de Suu Kyi, general Aung San, líder de um Governo provisório quando o país se preparava para ser independente do Reino Unido.
Um acordo assinado por Aung San e alguns dos grupos étnicos minoritários estabelecia uma autonomia significativa para as minorias.
Pouco tempo depois, o general foi assassinado e o acordo esquecido.
Os grupos étnicos birmaneses têm acusado o poder de não honrar o pacto de 1947.
Apesar de, no âmbito da conferência, só serem autorizadas as minorias signatárias do cessar-fogo de 2015, o Governo de Myanmar (antiga Birmânia) convidou uma aliança política de grupos étnicos armados não-signatários oriundos do norte do país, em muitos casos conhecida como Aliança do Norte, para participar na conferência.
Aquela aliança será autorizada a assistir às discussões de grupos, mas não poderá falar, indicou o porta-voz do Governo, Zaw Htay.
Suu Kyi tinha já pedido a todos os grupos étnicos armados para assinarem o cessar-fogo.
O Governo do país, liderado pela Liga Nacional para a Democracia, da prémio Nobel da Paz, prometeu que a paz seria a sua prioridade se chegasse ao poder em 2016, mas desde então tem sido fortemente criticado na sequência da repressão militar contra os muçulmanos rohingya, e também por não conseguir travar ações de violência contra outras minorias.
Cerca de 900.000 rohingya, de religião muçulmana, fugiram de Myanmar desde agosto de 2017 para escapar à violência, considerada pela ONU como uma limpeza étnica promovida pelo exército do país, de maioria budista.
Os rohingya pretendem o reconhecimento dos seus direitos em Myanmar, onde são considerados imigrantes ilegais provenientes do Bangladesh, e garantias sobre o regresso em segurança às suas aldeias, na generalidade situadas junto à fronteira comum.
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