PSOE insiste que o tempo de Rajoy "acabou"
O líder do PSOE, Pedro Sánchez, afirmou hoje em Madrid que o tempo do governo do Partido Popular "acabou", insistindo que "não há qualquer cálculo político ou eleitoral que justifique a permanência de Mariano Rajoy no Governo".
© Reuters
Mundo Pedro Sánchez
Sánchez, que se reuniu esta manhã no parlamento com os deputados de senadores do PSOE (Partido Socialista Operario Espanhol), acusou Rajoy de ter posto em perigo a coesão social e territorial de Espanha, a credibilidade do país na União Europeia e dos partidos políticos perante os cidadãos.
O PSOE apresentou na passada sexta-feira uma moção de censura contra o presidente do Governo, apenas 24 horas depois da sentença no "caso Gurtel", um esquema de correpção que condenou vários membros do PP (Partido Popular, direita), assim como o próprio partido.
Pedro Sánchez, que não é deputado nem senador, foi explicar esta manhã as razões que o levaram a avançar com a moção de censura aos membros socialistas no Congresso dos Deputados (parlamento) e Senado (câmara alta).
O parlamento vai discutir a moção na quinta e sexta-feira, estando o PSOE longe de ter assegurado o apoio de metade mais um dos 350 deputados necessários para aprovar a proposta.
Para o secretário-geral do PSOE, a única pergunta que todos os deputados têm de responder na sexta-feira, quando a moção de censura for votada, é se "depois de se ter conhecido a sentença do caso Gurtel, Mariano Rajoy pode continuar como presidente do Governo".
A moção só seria bem sucedida se fosse apoiada pelo quarto maior partido no parlamento espanhol, o Cidadãos (direita liberal) que já anunciou que defende a marcação de eleições e não uma moção de censura que iria implicar um Governo liderado pelo PSOE, ao qual se opõem.
O Cidadãos defende eleições "imediatas" porque as sondagens apontam que este partido estaria a subir muito nas intenções de voto dos espanhóis, podendo mesmo aspirar a ser o primeiro partido na assembleia em caso de consulta eleitoral.
O Unidos Podemos (extrema-esquerda) e terceira maior força no parlamento é até agora a única força que assegurou o apoio a uma moção, se os socialistas avançarem nesse sentido.
O sucesso da moção de censura depende, assim, do apoio, pouco provável, de uma série de formações políticas nacionalistas e separatistas.
A Audiência Nacional, que julga os casos mais graves de corrupção, aplicou na passada quinta-feira penas elevadas a uma série de políticos e empresários envolvidos no caso Gurtel.
O próprio partido do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, foi multado em 245 mil euros por ter beneficiado do esquema ilegal que se baseava em conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro.
Mariano Rajoy, chamado a prestar declarações ao tribunal, em julho de 2017, afirmou na altura que não estava a par dos casos de corrupção quando estes tiveram lugar a partir de 1999 e que ele próprio decidiu, em 2004, cortar as relações que havia entre o PP e Francisco Correa, cujas empresas forneciam serviços a esse partido.
Este empresário, que é considerado o "cérebro" do "caso Gurtel", foi condenado a mais de 52 anos de prisão.
Durante o julgamento, Francisco Correa explicou um esquema em que entregava "envelopes" com dinheiro a funcionários públicos e responsáveis políticos eleitos pelo PP, para ajudarem certas empresas "amigas" a ganharem contratos de direito público.
Mariano Rajoy nunca foi envolvido diretamente no caso Gurtel, mas os seus cargos de responsabilidade no PP têm levado os opositores a acusá-lo de ter "fechado os olhos" ao esquema.
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