Todos os dias erramos, erramos no número, erramos na quantidade, erramos na ideia, erramos no pensamento, erramos no que vimos, no que cheiramos, no que apalpamos, no que provamos e no que sentimos.
A ilusão de ótica é um exemplo de quando erramos. O dizer que ‘sim’ sem ter a certeza é outro exemplo de como errar é simples e até ao alcance de um ato.
Mas, porque é que erramos? Porque somos humanos e porque a nossa memória não funciona como uma câmara de filmar. Por muito que se tenha visto, por muita atenção que se tenha prestado, por muito que se saiba, a nossa memória é nada mais do que um poço de confusões, um baú com reconstruções, com informações em falta e com processos que desconhecemos. E por isso a precisão é algo que apenas faz sentido no dicionário.
Segundo o suplemento Vernes, do El País, errar é mais recorrente do que acertar, mas ninguém gosta de estar errado e quando tal acontece os primeiros sentimentos a surgir são a vergonha e a raiva, que dão, quase de imediato, origem à defesa, ou seja, à contra-argumentação.
Contudo, tentar justificar um erro apenas vai aumentar a probabilidade de voltar a errar e criar uma espécie de ciclo vicioso errado e que a cada volta fica ainda mais longe do correto.
No seu livro ‘Em Defesa do Erro’, a autora Kathryn Schulz explica que reconhecer o erro e tentar compreender o que esteve na origem da incorreção é melhor do que tentar encontrar justificações várias para esse mesmo erro, algo que apenas dará azo à criatividade e possibilidade de falha.
Para Schulz, estar consciente dos próprios erros ou da sua possibilidade aumenta a coragem para considerar outros pontos de vista, isto é, de outras ideias que podem estar mais próximas do que é correto.