"Com esta idade, as crianças não aprendem um idioma — adquirem-no", afirma a diretora da escola Carmen Rampersad, em entrevista à BBC News.
Tal explica a habilidade cobiçável destas crianças poliglotas de assimilar novos idiomas facilmente. Rampersad conta que para muitos destes pequenotes o espanhol é a quarta ou mesmo a quinta língua que falam.
E os adultos como ficam nesta história? Ora de acordo com a ciência, distintos estágios da vida apresentam as suas vantagens únicas quando se trata de aprender um idioma.
Por um lado, os bebés e crianças pequenas têm um ouvido mais apurado para sons e conseguem absorver sotaques nativos velozmente.
Por outro lado, os adultos detêm um maior tempo de atenção e são geralmente mais letrados, permitindo assim uma expansão significativa do vocabulário, inclusive na sua língua original.
Os 'superpoderes' do cérebro adulto
"Nem tudo piora com a idade", aponta em declarações à BBC News Antonella Sorace, professora de desenvolvimento linguístico e diretora do centro Bilingualism Matters, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Temos por exemplo o conceito de "aprendizagem explícita" - aprender um idioma numa sala de aula, com um professor a explicar as regras.
"Crianças pequenas são muito más quando se trata de aprendizagem explícita, porque não têm controle cognitivo, atenção e capacidade de memória", explica.
"Neste ponto os adultos são muito melhores. Isso é algo que melhora com a idade".
Segundo um estudo realizado em Israel, os adultos são bastante melhores em compreender uma regra artificial de linguagem e aplicá-la em novos conceitos e frases.
Durante a pesquisa, os investigadores compararam a performance de grupos de crianças de 8 anos, 12 e de jovens adultos. Sendo que os cientistas notaram que os adultos alcançaram notas mais elevadas, entretanto as crianças de 12 anos ultrapassaram as de 8.
Para os investigadores tal indica que os voluntários mais velhos usufruem de capacidades decorrentes da maturidade, exemplificando métodos mais complexos de solução de problemas uma experiência linguística mais desenvolvida.
Já as crianças primam pela aprendizagem implícita, isto é, escutam falantes nativos e imitam-nos.
Aprender ao longo da vida
Uma outra pesquisa realizada no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, usando um questionário online com cerca de 670 mil indivíduos apurou que para se alcançar o conhecimento gramatical de um falante nativo de inglês, recomenda-se iniciar a aprendizagem a partir dos dez anos.
Contudo, de acordo com a mesma pesquisa também é possível melhorar nos idiomas, incluindo no nosso, com o passar dos anos.
Os investigadores do MIT sublinham que somente dominamos totalmente a gramática da nossa própria língua por volta dos 30 anos de idade. Informação que vai de encontro a outro estudo prévio que indica que os falantes nativos continuam a aprender uma palavra nova por dia, no seu idioma, até à meia idade.
Leia Também: Dicas para aprender um novo idioma mais depressa