Ecstasy é usado (com sucesso) no tratamento contra o alcoolismo
Estudo mostra que o uso da droga, associado a acompanhamento psicológico é mais eficiente na superação do vício, comparativamente a outros tratamentos tradicionais.
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Lifestyle Alcoolismo
Uma equipa de investigadores britânicos apurou que o consumo da droga alucinogénia ecstasy pode ser uma forma segura e eficaz de tratar o alcoolismo. Os cientistas afirmam que a utilização da substância em conjunto com a psicoterapia é mais eficiente na superação do vício, quando comparado aos tratamentos tradicionais – nos quais 80% dos viciados têm uma recaída no espaço de três anos após o início da desintoxicação.
“Com o uso do ecstasy, registámos uma pessoa que recaiu completamente, de volta a níveis anteriores de bebida; cinco pessoas completamente livres do vício e quatro ou cinco que tomaram uma ou duas bebidas, mas não alcançaram o diagnóstico de alcoolismo”, explicou Ben Sessa, psiquiatra do Imperial College London, no Reino Unido, ao jornal The Guardian.
De acordo com os investigadores, o bom desempenho do ecstasy no tratamento está relacionado ao facto de que a substância interfere nas respostas do organismo ao medo. Explicando que grande parte do vício em álcool é baseado em traumas que podem vir desde a infância; ou seja, as pessoas podem ser sobrecarregadas por memórias do passado e o medo provocado por estas proporciona o consumo abusivo de álcool.
No entanto, com o uso da droga, esse medo é bloqueado e, consequentemente, a vontade de beber é suprimida. “A psicoterapia com ecstasy oferece ao paciente a oportunidade de lidar com narrativas pessoais baseadas em traumas. É a droga perfeita para esse tipo de terapia focada no trauma”, comentou Sessa.
Esse não é o primeiro trabalho a mostrar a atuação do ecstasy nos mecanismos cerebrais associados ao medo. Outro estudo recente mostrou a eficácia da substância no tratamento de casos de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), um distúrbio de ansiedade causado pela vivência de um momento traumático, incluindo desastres naturais e exposição à violência. Os resultados indicam que 61% dos pacientes não têm mais o transtorno – número alcançado com apenas dois meses de acompanhamento.
É seguro
Esta primeira fase do estudo dos efeitos do ecstasy no tratamento do alcoolismo visava verificar se a droga era segura. Para isso, a equipa realizou uma triagem, incluindo exames médicos e psicológicos, dos participantes – que passaram por psicoterapia (com psicólogo e psiquiatra) durante oito semanas. Na terceira e sexta semana de terapia, os indivíduos receberam uma dose alta de ecstasy e ficaram oito horas deitados, usado máscaras para dormir e phones de ouvidos, enquanto eram acompanhados por especialistas.
Ao fim das sessões com ecstasy, os pacientes permaneceram no hospital durante a noite e foram monitorizados por telefone ao longo da semana para que a equipa pudesse verificar a qualidade de sono, humor e potencial risco de suicídio – esses dados podem mostrar evidências de abstinência da droga ou sintomas de tristeza provocado pela substância.
Para quem usa a droga para fins recreativos, há relatos de sentimentos de tristeza após o uso, mas os resultados mostram que não houve sentimentos conflituosos para os pacientes. Agora, os cientistas pretendem realizar novas pesquisas que envolvam grupos de controlo de modo a confirmar os resultados averiguados.
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