Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), Manuel Sousa Lopes, revelou que o comércio nesta zona da cidade de Lisboa tem estado "muito forte" desde o início de dezembro, avançando -- sem apontar valores concretos - que o negócio "está a números relativamente acima daquilo que foi o princípio do mês de dezembro do ano passado".

"Aquilo que se pode concluir é que o Natal, até agora, tem estado a correr bastante bem", afirmou Manuel Sousa Lopes, explicando que o crescimento se regista nos diversos setores do comércio da Baixa, pelo que "a esperança é muito grande" em termos de resultados finais das vendas de Natal deste ano.

Com uma perspetiva diferente, o presidente da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), Victor Silva, disse que "não se notam grandes diferenças" em termos de vendas de Natal comparativamente ao ano passado, pelo que a dinâmica este ano será idêntica a 2016, ano que "não foi fantástico".

"Não se vê o comércio, de maneira nenhuma, pujante. Em termos de consumo, continua-se a ver a retração que havia no ano passado, nota-se que as pessoas têm pouco poder de compra", declarou à Lusa, advogando que as alterações ao nível dos rendimentos dos portugueses "não têm um resultado prático, pelo menos neste tipo de bens que o Chiado oferece, que são de um valor médio a médio-alto".

Para o presidente da ADBP, o poder de compra pode até nem ser superior, já que "o mais importante é o poder de confiança, que subiu muito em relação a anos anteriores".

"Quando as pessoas estão mais confiantes estão também elas mais disponíveis para fazer compras", frisou Manuel Sousa Lopes.

Apesar das expectativas diferentes para o comércio em época natalícia, os responsáveis das associações da Baixa e do Chiado concordam acerca do papel importante das iluminações para atrair as famílias lisboetas, bem como os turistas portugueses e estrangeiros.

Ainda que as compras de Natal sejam realizadas maioritariamente por portugueses, os dirigentes associativos enaltecem o consumo dos turistas na dinamização do comércio nestas zonas de Lisboa.

"O turismo é o que salva o Chiado. Se não fosse o turismo, neste momento o Chiado estaria com graves problemas por se terem afastado os portugueses", defendeu Victor Silva, apontando como principais problemas a gestão do trânsito automóvel e a falta de transportes públicos com qualidade.

De acordo com o dirigente da AVChiado, "há muita gente a vir ao Chiado, mas depois não se sabe lidar com este fluxo de pessoas, acaba por a montanha parir um rato, porque se não estão criadas condições, as pessoas vão consumir noutro lado".

Neste sentido, o responsável propõe algumas medidas, nomeadamente um serviço de entrega das compras nos domicílios, concertado com a Câmara de Lisboa e os comerciantes.

Em relação à concorrência entre comércio tradicional e grandes superfícies comerciais, o presidente da ADBP advogou que "o comércio nunca é demais desde que seja um comércio que cumpra as suas regras de uma forma geral", acrescentando que a abertura de grandes lojas não prejudica o comércio instalado há mais anos.

No Chiado, mais de 80% das lojas são estrangeiras, apurou o presidente da AVChiado, sublinhando que "já se vão contando pelos dedos" o número de lojas portuguesas.

De forma unânime, os responsáveis das associações da Baixa e do Chiado apelam a que as compras de Natal sejam feitas no comércio tradicional, destacando o atendimento personalizado que existe nestas lojas, para que sejam valorizados os produtos nacionais.