FMI: Financiamento pode ser menos favorável com fim de estímulos do BCE
As condições de financiamento de Portugal podem tornar-se "menos favoráveis" no médio prazo à medida que as políticas de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) se forem reduzindo, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Economia Ajuda Externa
Num relatório divulgado hoje, ao abrigo do artigo IV do FMI, a instituição prevê que "os custos de financiamento se mantenham geríveis com uma redução gradual" do programa de compra de ativos do BCE, embora o fim desse ambiente mais solidário possa "aumentar o risco de flutuações nos mercados".
Para o Fundo, embora a estrutura da dívida pública "limite o impacto da subida das taxas de juro" no curto prazo, "as amortizações de dívida vão aumentar significativamente a partir de 2021".
Para suavizar o reembolso no médio prazo e reduzir os custos de financiamento, as autoridades portuguesas reembolsaram o FMI em cerca de 5,2 mil milhões de euros este ano, "totalizando os reembolsos em 14,4 mil milhões de SDR [cerca de 18,2 mil milhões de euros] desde o final do programa", em 2015, recorda o fundo.
"Com o acordo dos parceiros europeus, o Governo prevê reembolsar adicionalmente mais 4,7 mil milhões de SDR [cerca de 5,6 mil milhões de euros] até meados de 2019", lembra o FMI, "o que significa que Portugal fica a dever apenas 3,9 mil milhões de SDR [cerca de 4,8 mil milhões de euros], acima do limiar de 1,5 mil milhões de SDR [cerca de 1,9 mil milhões de euros] que coloca os países devedores sob enquadramento de monitorização pós-programa", afirma o fundo.
No relatório, o último preparado sob a coordenação de Subir Lall, que deixa de liderar a missão a Portugal em setembro, o FMI afirma que a trajetória da dívida "está sujeita a riscos significativos", dado o peso da dívida e as necessidades de finaciamento líquidas.
A instituição considera que a dinâmica da dívida continua vulnerável a problemas "adversos, mas plausíveis", incluindo a "eventualidade de maior apoio ao setor financeiro".
"Embora os riscos imediatos se tenham reduzido com a melhoria do ciclo económico e com os aumentos de capital de alguns bancos recentemente, o risco de um choque no médio prazo permanece elevado devido a vulnerabilidades no setor financeiro", escreve o Fundo.
Nesse sentido, a instituição sediada em Washington defende que "uma consolidação estrutural continua a ser crítica para ancorar a dívida num caminho de redução, aumentar a credibilidade das políticas e fortalecer a resiliência do país face a alterações nos mercados".
O FMI estima que a dívida pública represente 125,7% do PIB este ano e 122,5% do PIB no próximo.
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