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BPI: Assembleia-geral marca adeus de Ulrich e início da 'era' CaixaBank

O BPI realiza esta quarta-feira a última assembleia-geral de acionistas com Fernando Ulrich como presidente executivo, um momento que marcará o fim de um ciclo no banco que já é controlado pelo espanhol CaixaBank.

BPI: Assembleia-geral marca adeus de Ulrich e início da 'era' CaixaBank
Notícias ao Minuto

07:23 - 25/04/17 por Lusa

Economia Reunião

Entre os nove pontos da ordem de trabalho, a reunião magna que decorrerá no Porto servirá, desde logo, para eleger a nova administração do banco, depois de em fevereiro o grupo de Barcelona ter passado a deter 85% do BPI através de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) após mais de dois anos de 'guerra' com o segundo maior acionista, a angolana Santoro (controlada por Isabel dos Santos), que acabou por sair do capital do banco.

Fernando Ulrich, líder do banco nos últimos 13 anos e que se impôs como o rosto da instituição, despede-se do cargo nesta assembleia-geral, precisamente no dia em que cumprirá 65 anos.

"Saudades não vou ter nenhumas porque continuo cá. Já trabalho há 45 anos e já não tenho a energia que já tive. (...) Continuarei completamente comprometido com o BPI. Espero talvez com um pouco menos de 'stress'", disse em fevereiro Fernando Ulrich, que passará a ocupar o cargo de presidente do Conselho de Administração ('chairman').

Para presidente executivo vai espanhol Pablo Forero, homem de confiança do CaixaBank (onde trabalha desde 2009 e era diretor-geral) e já vive em Lisboa há alguns meses.

Já Artur Santos Silva deixará o cargo de 'chairman', ficando como presidente honorário e responsável pela nova Comissão de Responsabilidade Social.

A nova 'era CaixaBank' no BPI significa também o fim do sonho de Santos Silva, que fundou o BPI na década de 1980 com a ideia de um banco capitais maioritariamente portugueses assente no equilíbrio de vários acionistas.

Em setembro do ano passado, quando tudo indicava que era inevitável a tomada de controlo do banco pelos espanhóis, Santos Silva admitia já que o seu "sonho (..) há muito que não é possível" por incapacidade financeira dos investidores nacionais, recordando que já há alguns anos os acionistas portugueses eram minoritários.

O maior acionista português do BPI era, até à OPA, o grupo Violas Ferreira, que vendeu a quase totalidade da sua participação de 2,7%, apesar de ter tido sempre grandes discordâncias sobre o preço oferecido pelo CaixaBank (1,134 euros por ação), tendo ficado apenas com uma participação residual para poder litigar na Justiça contra a operação, uma vez que considera que o CaixaBank ficou com o BPI em troca de ter cedido à empresa Unitel (de Isabel dos Santos) o controlo do Banco Fomento de Angola (onde o BPI é agora minoritário).

Apesar de para já ainda não se perspetivar completamente ao que irá acontecer ao BPI na nova 'era', é certo que virá uma reestruturação. É conhecido que o grupo quer reduzir custos, desde logo com a saída de cerca de 900 trabalhadores nos próximos dois a três anos, nomeadamente através de rescisões por mútuo acordo.

Na assembleia-geral caberá também aos acionistas aprovar as contas de 2016, ano em que o banco teve lucros de 313,2 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015, e avaliar a prestação dos órgãos sociais.

Os pontos mais importantes são, contudo, as nomeações dos novos órgãos de administração.

Segundo a proposta que irá a votos, o novo Conselho de Administração do BPI terá Fernando Ulrich como 'chairman', dois vice-presidentes (Pablo Forero, o presidente executivo, e António Lobo Xavier) e 16 vogais (Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Cristina Rios Amorim, Francisco Barbeira, Gonzalo Rotaeche, Ignacio Alvarez-Rendueles, João Oliveira e Costa, José Pena do Amaral, Javier Riera, Juan Alcaraz, Juan Fuertes, Lluís Pi, Pedro Barreto, Tomas Jervell, Vicente Barutel e ainda um representante da seguradora Allianz, o segundo maior acionista do BPI, com 8,27%).

Ainda para o triénio 2017/2019 será eleita a mesa da assembleia geral, propondo o CaixaBank que se mantenha a atual equipa, que tem como presidente o advogado Osório de Castro, vice-presidente Agostinho Guedes e como secretários Maria Magalhães e Luís Amorim.

No Conselho Fiscal é proposto que seja presidente Rui Manuel Guimarães, substituindo Abel António Reis, e que permaneçam como vogais Jorge Figueiredo Dias e Francisco Valente.

Será ainda escolhido o Revisor Oficial de Contas (ROC), tendo o BPI pedido autorização à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários para que a Deloitte prolongue o mandato até final de 2017, tendo em conta o período de transição que vive a instituição. Para os anos seguintes, o Conselho Fiscal procedeu a um concurso e elegeu a PWC, devendo os acionistas ratificar esta escolha.

Na reunião serão ainda votadas várias alterações aos estatutos do banco, caso da autorização para que o Conselho de Administração decida fazer aumentos de capital até 500 milhões de euros (pelo prazo de cinco anos), permitir emitir dívida que conte para capital (tendo em conta obrigações dos reguladores), abrir a possibilidade de ser criada a Comissão de Responsabilidade Social e alterar o número de membros da Comissão Executiva, podendo ter entre três a 11 (em vez de três a nove).

A assembleia-geral servirá ainda para deliberar sobre a política de remunerações para os próximos anos que, entre outros pontos, propõe que a Comissão Executiva receba até 5,5 milhões de euros por ano mais 1,4 milhões de euros de remuneração variável. Já aos administradores não executivos é destinado no total 1,6 milhões de euros, excluindo senhas de pertença.

A forma como esta remuneração total é depois distribuída por cada membro cabe à Comissão de Remunerações.

Os membros deste órgão também serão nomeados neste encontro, propondo o CaixaBank José Villalonga Pons, Xavier Escursell e Carlos Moreira da Silva.

Será ainda levada a votação a remuneração variável dos membros da Comissão Executiva que cessa funções, sendo proposto pela Comissão de Remunerações que Fernando Ulrich receba 465,5 mil euros.

Já António Domingues, que foi vice-presidente do BPI durante parte do ano de 2016, antes de assumir funções como presidente da Caixa Geral de Depósitos (num curto e polémico mandato de quatro meses), receberá 106,7 mil euros.

Aos restantes vogais da Comissão Executiva - José Pena do Amaral, Maria Celeste Hagatong, Manuel Ferreira da Silva, Pedro Barreto e João Pedro Oliveira e Costa - deverão ser pagos 328,6 mil euros a cada.

Tendo em conta que CaixaBank e Allianz controlam mais de 90% do capital social do BPI, não são esperadas grandes surpresas nesta assembleia-geral, devendo ser aprovados todos os pontos em agenda.

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