"De forma a assegurar o pagamento da contrapartida da Oferta, o Oferente [CaixaBank] efetuou um depósito junto do BNP Paribas - Sucursal em Portugal (...) no valor de 900.436.652,766" euros, lê-se no prospeto da OPA hoje publicado na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na Internet.
O regulador dos mercados financeiros registou hoje a OPA do CaixaBank sobre a totalidade do capital do BPI, em que o banco espanhol oferece 1,134 euros por cada ação.
A informação divulgada ao início da noite indica ainda que a operação arranca já esta terça-feira, dia 17 de janeiro, e decorre até 07 de fevereiro.
A OPA do CaixaBank sobre o BPI foi anunciada em abril pelo grupo bancário espanhol (que detém cerca de 45% do capital do BPI), no meio de um conflito que o opôs durante o último ano aos angolanos da 'holding' Santoro (de Isabel dos Santos, com 18,58%), tanto por causa da exposição a Angola, como por causa da desblindagem dos estatutos (regra existente no BPI que impedia qualquer acionista de votar com mais de 20%, independentemente da participação que detivesse).
Os espanhóis ofereceram então 1,113 euros por ação, avaliando o banco em 1600 milhões de euros, mas condicionaram a oferta à eliminação dos limites aos direitos de votos, o que só viria a acontecer em setembro e graças a um diploma do Governo que facilita essa mudança nas regras dos bancos.
Com a desblindagem de estatutos no BPI, o CaixaBank passou então a exercer efetivamente os 45% de participação detida e a OPA passou de voluntária a obrigatória e sobre a totalidade do capital social (100%), tendo o banco espanhol aumentado o valor oferecido por ação para 1,134 euros.
O preço oferecido pelo CaixaBank nesta OPA tem sido criticado por vários pequenos acionistas, que o consideram muito baixo e que não paga a recente perda de controlo do Banco de Fomento de Angola (BFA).
O representante da 'holding' Violas Ferreira Financial (com 2,7%), Tiago Violas, considerou mesmo que o que aconteceu no BPI foi uma "troca direta do controlo do BPI pelo controlo do BFA" e que "os pequenos acionistas foram quem pagou".
Também pequenos acionistas associados na associação ATM já tinham pedido à CMVM a nomeação de um auditor independente para definir o preço justo da OPA, sob pena de avançarem com ações na justiça, o que não aconteceu com a decisão hoje tomada pelo regulador.