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"Temos que ter a CGD pública para não sermos ingénuos"

O presidente do BCP, Nuno Amado, destacou hoje a importância de Portugal manter a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como um banco público, considerando que a nova realidade do setor bancário não permite outra opção.

"Temos que ter a CGD pública para não sermos ingénuos"
Notícias ao Minuto

20:04 - 10/11/16 por Lusa

Economia Nuno Amado

"Hoje sou defensor da existência de um banco público em Portugal. Não pensava assim há três, quatro ou cinco anos, achava até que era um erro para o país. Mas hoje acho que temos que ter a CGD pública para não sermos ingénuos", afirmou o líder do maior banco privado português.

Nuno Amado participava num debate promovido pelo Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), em Lisboa, tendo admitido que as alterações no setor nos últimos anos, e a própria evolução na realidade do bloco de países que partilham a moeda única europeia, o levaram a alterar o modo como olha para a CGD.

"Eu estou cada vez mais radical e acho que o Estado não deve estar na economia, deve regular a economia", lançou, apontando para setores como o do cimento, do papel e das telecomunicações, mas abrindo uma exceção para a banca.

"No enquadramento que hoje temos, acho que devemos manter um banco público. Não era este o meu entendimento, mas agora é", reforçou.

Durante o debate, Pedro Rebelo de Sousa, presidente do Conselho Geral do IPCG, mostrou-se muito crítico com a forma como os vários governos têm lidado com o banco público.

"Acredito que o Estado tem andado a brincar com a CGD. E falo dos sucessivos Governos. Isto é gravíssimo", realçou o advogado.

"O que a CGD devia fazer é o que fizeram as Caixas espanholas e o Banco do Brasil, que é ter capital contingente. Mas depois vêm os comunistas dizer que se está a vender aos privados", considerou.

Segundo Pedro Rebelo de Sousa, "a CGD deve ser o elemento estabilizador do sistema financeiro".

E destacou: "Queremos que a CGD seja um exemplo para o sistema financeiro. Mas estamos a assistir a um espetáculo que é o oposto disso. É tudo errado. A forma e o conteúdo".

Tendo o cuidado de referir que estas declarações são proferidas "com respeito pelas pessoas que lá estão", Pedro Rebelo de Sousa reconheceu estar "preocupado como contribuinte e como depositante" com a atual situação da CGD,

Pedro Rebelo de Sousa foi administrador não executivo do banco estatal, tendo renunciado ao cargo no verão de 2013, em parte por discordar do modelo de governação, conforme hoje explicou, sem acrescentar mais detalhes.

"Nunca comentei a minha passagem pela CGD. Mas tenho que salientar que a CGD tem uma qualidade de quadros espantosa. E com uma resiliência fantástica. Suportaram cortes de salário e administradores que não se sabe como lá chegaram", assinalou.

E acrescentou: "Ainda não percebi qual é a missão que foi confiada à nova gestão. Isto tem que ser clarificado".

O irmão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, arriscou ainda opinar sobre a polémica em torno dos salários da nova equipa de gestão da CGD, que é liderada por António Domingues.

"Acho que devem ganhar bem. Neste campo, o miserabilismo do Governo anterior é até patético. Por isso, fico perplexo com a atual situação", rematou.

Já Luís Todo Bom, professor do ISCTE que também participou no debate, considerou que a CGD deve funcionar como "estabilizador do mercado" bancário português, dada a sua dimensão e relevância.

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