Estas posições foram defendidas pelo deputado e historiador numa intervenção no 14.º Congresso do Livre, que decorre até domingo no pavilhão municipal da Costa de Caparica, município de Almada (Setúbal), e na qual elencou as missões que o partido tem no futuro próximo.
Tavares insistiu numa ideia que já tinha deixado à entrada da reunião magna, de que o partido tem que estar "preparado para governar" e acrescentou como segunda missão "apontar uma via de saída contra a extrema-direita e contra o autoritarismo autoritário".
O deputado alertou que as pessoas estão assustadas com o crescimento do autoritarismo, do discurso de ódio e da violência "que já fez vítimas".
Rui Tavares voltou a criticar o Chega, que tem acusado o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, de "traição à pátria" e agendou para a próxima semana um debate de urgência no parlamento sobre "a situação provocada pelas declarações do senhor Presidente da República em relação à reparação histórica das ex-províncias ultramarinas".
O historiador salientou que o atual chefe de Estado nem sequer foi apoiado pelo Livre e que o partido que agendou este debate "vem do campo politico" de Marcelo e "bajulou-o".
"Traição à pátria é estar a acontecer tudo o que está a acontecer no mundo e não ser falado na Assembleia da República", criticou.
O dirigente recuou ainda à governação de maioria absoluta socialista de António Costa, apontando que a crítica da falta de diálogo "enfiava que nem uma luva" ao anterior primeiro-ministro e deixou a mesma crítica ao atual primeiro-ministro, o social-democrata Luís Montenegro.
Tavares apontou que o país vive uma situação de "enorme ingovernabilidade" e questionou "onde é que está o futuro" no programa do Governo.
Numa intervenção fortemente aplaudida pelos congressistas, que empunharam bandeiras no final, Rui Tavares salientou perante os membros e apoiantes que "o Livre é um partido viável e tem também que ser fiável".
"O Livre tem que ter modos de funcionamento que estejam de tal forma afinados e que sejam adotados por todos nós, que não sejam o assunto principal, porque sabemos que quando são o assunto principal eles impedem-nos de estar a falar de todos os outros assuntos que importam", apelou, depois de vários congressistas terem manifestado divergências quanto ao funcionamento dos órgãos e um processo polémico de primárias na escolha do cabeça de lista às eleições europeias, Francisco Paupério.
A nível interno, o dirigente salientou que o partido "não tem primárias abertas por acaso" e que elas "não caíram do céu".
Também fez referência às candidaturas à Assembleia, órgão máximo entre congressos, para o qual qualquer membro do Livre se pode candidatar e cujas candidaturas estão afixadas numa das paredes do pavilhão municipal.
"Este partido tem um mural de candidatos que não tem que pedir licença a ninguém. Fomos nós que inventámos isto", enalteceu.
[Notícia atualizada às 21h11]
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